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Brasília (Folhapress) – Dois dias depois de dizer que a origem do pagamento de R$ 1 milhão à Coteminas era uma reserva do caixa 2 operado pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares terá de explicar hoje à Polícia Federal como usou os R$ 4,9 milhões repassados pelo valerioduto ao Diretório Nacional do Partido. O depoimento está marcado para as 14 horas.

A Polícia investiga a existência de outro caixa dois do PT, além do operado pelo publicitário mineiro. Há ainda a hipótese de que Marcos Valério tenha movimentado uma quantia maior do que a declarada.

A versão de Delúbio foi considerada "inverossímil" pela CPI dos Correios principalmente porque, entre o último repasse do valerioduto ao PT e o pagamento à empresa do vice-presidente da República, José Alencar, passaram-se mais de sete meses.

Marcos Valério afirma ter repassado R$ 55,8 milhões obtidos por meio de empréstimos bancários ao PT e partidos aliados. Desse total, R$ 4,9 milhões teriam sido entregues ao Diretório Nacional petista entre março de 2003 e outubro de 2004, por meio de saques em dinheiro ou depósitos na corretora Bônus Banval. Para fazer o pagamento à Coteminas com recursos do valerioduto, Delúbio teria de guardar dinheiro do caixa 2 por quase um ano.

Delúbio nunca prestou contas do destino do total repassado ao PT, e as investigações têm poucas chances de avançar sem a colaboração do ex-tesoureiro petista. Também para a atual direção do PT, Delúbio é o único capaz de explicar o uso de recursos do caixa 2. O partido preserva os funcionários subordinados ao ex-tesoureiro.

A reportagem procurou novamente o ex-tesoureiro com dúvidas decorrentes da nova versão apresentada por ele para o pagamento à Coteminas (inicialmente Delúbio dizia que o pagamento havia sido lançado na contabilidade oficial do partido). Segundo o advogado Arnaldo Malheiros, Delúbio Soares prefere não se manifestar "por ora".

Ontem, o ex-presidente do partido José Genoino afirmou que só soube do pagamento de R$ 1 milhão à Coteminas pelos jornais.

Menos de um mês depois do pagamento, datado de 17 de maio, a Coteminas mandou carta a Genoino cobrando o restante da dívida resultante da venda de 2,7 milhões de camisetas usadas na campanha do partido às eleições municipais de 2004. A carta não mencionava a parcela abatida da dívida.

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