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Ficou para depois

DEM decide esperar defesa de Arruda para definir se o expulsa

Em decisão que rachou o partido, governador do Distrito Federal ganhou 8 dias para apresentar explicações. Apesar disso, novos indícios apareceram contra ele

Reunião da Executiva do DEM que decidiu dar prazo para José Roberto Arruda se defender: partido negou que o governador do Distrito Federal tenha feito ameaças de revelar irregularidades da legenda se for expulso | José Cruz/ABr
Reunião da Executiva do DEM que decidiu dar prazo para José Roberto Arruda se defender: partido negou que o governador do Distrito Federal tenha feito ameaças de revelar irregularidades da legenda se for expulso (Foto: José Cruz/ABr)
O deputado Leonardo Prudente (no centro), que colocou dinheiro da suposta propina nas meias, se afastou ontem da presidência da Câmara Legislativa do DF |

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O deputado Leonardo Prudente (no centro), que colocou dinheiro da suposta propina nas meias, se afastou ontem da presidência da Câmara Legislativa do DF

Brasília - Dividida, a Executiva Nacional do DEM decidiu ontem dar uma sobrevida de oito dias ao governador do Distrito Federal, José Rober­­­to Arruda. Ele será submetido a um processo interno de expulsão com votação marcada para o dia 10 deste mês. Nesse período, terá de apresentar provas de que não está envolvido nas denúncias de corrupção para evitar a sua exclusão do DEM. Apesar disso, grande parte dos integrantes da cúpula do par­­tido diz achar muito difícil Arruda não ser expulso da legenda.

O adiamento da decisão sobre a expulsão rachou o partido. Uma ala da legenda defendia a sua desfiliação imediata, como forma de evitar um desgaste ainda maior ao DEM. Nos bastidores, porém, especulava-se que Arruda teria ameaçado retaliar o partido caso fosse expulso sumariamente. Falava-se que ele poderia revelar outras irregularidades que poderiam envolver a legenda. O rumor da pressão de Arruda foi oficialmente negado, mas o fato é que ele acabou ganhando mais tempo para se explicar.

"Tem que ter coragem. E ela faltou", disse o senador Demóstenes Torres (GO) na saída da reunião, que contou com a presença de 37 dos 45 integrantes da cúpula do DEM. Demóstenes liderou, ao lado dos líderes das bancadas na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), e no Senado, José Agripino (RN), a ala pró-expulsão imediata. "O governador Arruda, pelas notícias publicadas, não tem condições de manter a filiação ao partido", disse Agripino, que mais cedo tinha visto sua tese de expulsão imediata ser derrotada por 6 votos a 4 em reunião dos senadores da legenda.

Durante a reunião, apenas o deputado Osório Adriano (DF) e o secretário de Transportes de Arruda, Alberto Fraga, defenderam o governador, afirmando que ele vem fazendo um bom governo e que as irregularidades são da gestão passada. O senador Heráclito Fortes (PI) e o deputado federal Onyx Lorenzoni (RS) foram os que mais apoiaram a defesa prévia.

Coube então ao presidente do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ), arbitrar a decisão de permitir a Arruda apresentar defesa, tese que prevaleceu. "São imagens chocantes, de difícil defesa, mas o governador tem o direito de defesa (...) Depois do dia 10, o DEM terá toda a condição de mostrar à sociedade que esse partido é diferente dos outros", afirmou Maia, citando os vídeos em que Arruda e aliados aparecem recebendo a suposta propina.

Análise da gravação

Apesar da vitória parcial dentro do DEM, Arruda terá uma semana difícil para obter provas de que os indícios contra ele estão equivocados. Análise da gravação da Polícia Federal mostra exatamente o contrário: Arruda reorganizando pessoalmente o mensalão do DEM em outubro deste ano e cobrando uma gestão unificada do esquema. O mensalão do DF teria se desorganizado com a saída de Domingos Lamoglia da chefia do gabinete de Arruda.

Num dos diálogos gravados, o governador deixa claro a insatisfação com possíveis esquemas paralelos na Secretaria de Saúde, até hoje comandada pelo deputado federal Augusto Carvalho (PPS).

As gravações contradizendo a versão do governador do DF de que foi vítima de uma trama. Ao ler seu comunicado de defesa, o governador disse que o diálogo gravado em 21 de outubro foi "conduzido para passar uma versão previamente estudada".

Os recibos da compra de panetones, principais documentos da defesa de Arruda para justificar a imagem do vídeo em que ele aparece recebendo R$ 50 mil, também estão sob suspeita. O vídeo foi gravado em 2006, quando Arruda ainda era candidato ao governo do Distrito Federal, e o ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, ocupava o cargo de caixa de campanha. Sem data de emissão, sem timbre e escritos em linguagem que fogem aos padrões dos recibos, os documentos apresentam indícios de que foram produzidos às pressas e em data recente, depois que a investigação da Operação Caixa de Pandora já havia sido deflagrada.

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A descoberta do mensalão do DEM mostra que todos os partidos, em matéria de ética, são iguais?

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