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Demóstenes: sob pressão | Antonio Cruz/ABR
Demóstenes: sob pressão| Foto: Antonio Cruz/ABR

Embora tenha sido ex-procurador geral de Justiça de Goiás em duas ocasiões e ex-secretário de Segurança do Estado entre 1999 e 2002, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) transita com desenvoltura entre pessoas ligadas, direta ou indiretamente, ao mundo dos jogos ilegais, do qual Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é apenas a face mais conhecida.

Em 23 de maio de 2003, no­­ve meses antes do primeiro escândalo do governo Lula, envolvendo o então assessor parlamentar da Casa Civil, Wal­­domiro Diniz, Carlinhos Cachoeira e a empresa de loterias Gtech, Demóstenes já atuava em favor do amigo que está preso, usando sua con­­di­­ção de senador. Nesse dia, Demóstenes encaminhou um requerimento de informação ao ministro da Fazenda pedindo cópia autenticada do contrato assinado entre a CEF e a Gtech. Ele também queria o edital de concorrência que amparou a contratação e aditivos contratuais assinados.

A preocupação de Demós­­tenes com o contrato ecoava a raiva de Cachoeira com o fracasso de sua negociação com a multinacional. O contraventor e a Gtech tinham acordado que, uma vez vencedora da licitação na CEF para operar o sistema de loterias, a multinacional subcontrataria as empresas do bicheiro para cuidar das loterias estaduais – um negócio de pelo menos US$ 10 milhões na época.

Acontece que em 5 de maio de 2003, depois de a Gtech ter assinado com a CEF, a matriz norte-americana da empresa pediu que Cachoeira subscrevesse um termo se comprometendo a não praticar qualquer ato considerado ilegal pela legislação norte-americana. Um dia depois, uma correspondência interna indicava que os entraves haviam sido superados e contrato entre a Gtech e a empresa de Cachoeira seria assinado, mas isso acabou não acontecendo, para irritação do bicheiro.

Apesar de toda a controvérsia envolvendo o mundo de jogos de azar, sobretudo caça-níqueis e outras contravenções, Demóstenes mantém proximidade com esse setor. Seu grupo conseguiu influenciar na escolha do presidente do Detran de Goiás, Edvaldo Cardoso (PTdoB). Ele é genro do ex-prefeito da Cidade de Goiás Boadyr Veloso, assassinado no centro de Goiânia, em maio de 2008, quando saía de uma casa ilegal de jogos. Veloso era acusado, entre outras coisas, de prostituição infantil e de contravenção, e teria sido, inclusive, sócio de Cachoeira. O crime nunca foi esclarecido.

Na campanha de 2010 para o Senado, Demóstenes recebeu doações do advogado Márcio Socorro Pollet, preso sob acusação de integrar uma quadrilha que negociava sentenças para fraudar a Receita Federal e manter bingos em funcionamento.

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