Na reta final do processo por quebra de decoro parlamentar contra ele, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) subiu ontem à tribuna do Senado para fazer um novo discurso em que se diz inocente das acusações de que teria usado o mandato para beneficiar o contraventor Carlos Cachoeira. Em sua fala, Demóstenes rebateu as acusações feitas pelo Conselho de Ética, que pediu sua cassação; acusou a Polícia Federal de deturpar as gravações telefônicas em que aparece conversando com o bicheiro e, em tom emotivo, pediu perdão aos colegas citando cada um dos 44 senadores que o defenderam no início de março, quando subiu à tribuna para dizer que não tinha relações com Cachoeira.
Ao falar para um plenário vazio, o ex-líder do DEM informou que vai discursar diariamente, até dia 11 de julho, quando o pedido de sua cassação deve ser votado no plenário. Amanhã, o parecer do senador Humberto Costa (PT-PE), relador do caso, passa pela análise da Comissão de Constituição e Justiça.
O senador disse que vive há 135 dias um "calvário sem trégua" por ter sido julgado e condenado mesmo sabendo ser "íntegro". "A tática dos detratores é implodir probidade de décadas de trabalho, esforço e dedicação. Destruição tijolo a tijolo, em pílulas, para terem assuntos que aniquilem minha imagem."
Demóstenes afirmou que foi amigo de Cachoeira, mas destacou que não usou seu mandato para beneficiar o bicheiro ou para trabalhar pela legalização do jogo no país. "Não, eu não coloquei meu mandato a serviço de Cachoeira, mas tão-somente à disposição das forças produtivas do meu estado e do Brasil", afirmou o senador goiano, negando também que tenha recebido vantagens indevidas do bicheiro.
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