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Lava Jato

Denúncia de contadora envolve 6 empreiteiras

CPI Mista da Petrobras vai ouvir ex-funcionária de Alberto Youssef. Segundo ela, grandes empresas contratavam firmas do doleiro que só existiam no papel

Meire Poza disse que pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo de Youssef | Reprodução
Meire Poza disse que pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo de Youssef (Foto: Reprodução)

O deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPI Mista que investiga suspeitas de corrupção relacionadas à Petrobras, vai pedir a convocação da contadora Meire Bonfim Poza para prestar depoimento sobre suas denúncias envolvendo o esquema montado pelo doleiro Alberto Youssef, publicadas na edição desta semana da revista Veja. Meire era contadora de Youssef e revelou detalhes sobre como funcionava o esquema de corrupção e desvio de dinheiro público que tinha como supostos beneficiários empreiteiras, políticos e agentes públicos.

Em entrevista à revista, Meire revelou que políticos do PT, PMDB e PP estão envolvidos com os negócios clandestinos de Youssef. "Havia um fluxo constante de entrada e retirada de dinheiro em pelo menos três empreiteiras", disse a contadora. Nas últimas três semanas, ela prestou depoimentos à Polícia Federal, ajudando os investigadores a entender o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus parceiros.

Ela contou como funciona­va o esquema envolvendo as em­preiteiras prestadoras de serviço à Petrobras, que contratavam empresas de Youssef que só existiam no pa­pel. Estariam no es­que­ma OAS, Sanko Sider, Gal­vão En­genharia, Unipar, Mendes Júnior e Ca­mar­go Corrêa. Segundo a re­por­tagem, no caso da Ca­mar­go Corrêa, "era um esquema ex­clusivo de comissões de ne­gó­cios acertados dentro da Pe­trobras com o Paulo Ro­ber­to da Costa (ex-diretor da es­ta­tal, preso pela Operação Lava-Jato)".

A contadora revelou que desconfiou da natureza ilegal dos negócios de Youssef quando recebeu ordens do doleiro para fazer um contrato pelo qual a empreiteira Mendes Júnior pagaria R$ 3,8 milhões à GFD Investimentos (uma das empresas de fachada de Youssef), a título de consultoria sobre a viabilidade de plataformas de petróleo. Todos os envolvidos negaram manter qualquer relação com o doleiro.

Parlamentares

De acordo com a reportagem, pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo, diretamente das mãos do doleiro ou por meio de depósitos bancários feitos por Meire. Os deputados André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SDD-BA), que respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara, além dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Mário Negromonte (PP-BA), e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Todos negaram as acusações.

A contadora afirmou ter uma relação de números de contas bancárias de parentes e assessores de políticos que receberam dinheiro do doleiro. Ela revelou ainda negócios entre Youssef e empreiteiras e prefeituras comandadas pelo PT. O doleito oferecia 10% de propina a cada prefeito que aceitasse investir num fundo criado por ele.

"Parece que esta mulher conheceu, como poucos, a arquitetura e a operação do sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu o montante de R$ 10 bilhões. Isso tudo precisa ser investigado", disse o deputado paranaense Rubens Bueno, líder do PPS.

Youssef cogita acordo de delação premiada

Preso há cinco meses e réu em 12 processos que podem render mais de cem anos de prisão, o doleiro Alberto Youssef estaria disposto a aceitar um acordo de delação premiada. A lei brasileira prevê redução de pena para quem colaborar com investigações. Foi o que ocorreu em 2007, quando Youssef foi detido pela primeira vez e se livrou da prisão entregando uma parte da sua clientela. No entendimento dos advogados do doleiro, não há defesa técnica possível contra as provas colhidas até agora. Youssef é acusado de comandar um esquema que teria lavado R$ 10 bilhões.

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