• Carregando...
Meire Poza disse que pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo de Youssef | Reprodução
Meire Poza disse que pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo de Youssef| Foto: Reprodução

Suposta Propina

Documentos da Receita confirmam repasses denunciados por Meire

Documentos enviados à Receita Federal revelam repasses efetivos de recursos de empreiteiras − em especial das que atuaram nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco − às empresas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os documentos da Receita registram o valor do imposto retido e o montante transferido para os empreendimentos de Youssef e Costa, corroborando o depoimento prestado à PF pela contadora Meire Bonfim Poza, que atuou para o doleiro. A MO Consultoria, empresa de fachada de Youssef, por exemplo, foi abastecida com R$ 1,2 milhão da OAS em 2010. Já a Sanko Sider repassou à MO os maiores valores, R$ 28,8 milhões.

O deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPI Mista que investiga suspeitas de corrupção relacionadas à Petrobras, vai pedir a convocação da contadora Meire Bonfim Poza para prestar depoimento sobre suas denúncias envolvendo o esquema montado pelo doleiro Alberto Youssef, publicadas na edição desta semana da revista Veja. Meire era contadora de Youssef e revelou detalhes sobre como funcionava o esquema de corrupção e desvio de dinheiro público que tinha como supostos beneficiários empreiteiras, políticos e agentes públicos.

Em entrevista à revista, Meire revelou que políticos do PT, PMDB e PP estão envolvidos com os negócios clandestinos de Youssef. "Havia um fluxo constante de entrada e retirada de dinheiro em pelo menos três empreiteiras", disse a contadora. Nas últimas três semanas, ela prestou depoimentos à Polícia Federal, ajudando os investigadores a entender o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus parceiros.

Ela contou como funciona­va o esquema envolvendo as em­preiteiras prestadoras de serviço à Petrobras, que contratavam empresas de Youssef que só existiam no pa­pel. Estariam no es­que­ma OAS, Sanko Sider, Gal­vão En­genharia, Unipar, Mendes Júnior e Ca­mar­go Corrêa. Segundo a re­por­tagem, no caso da Ca­mar­go Corrêa, "era um esquema ex­clusivo de comissões de ne­gó­cios acertados dentro da Pe­trobras com o Paulo Ro­ber­to da Costa (ex-diretor da es­ta­tal, preso pela Operação Lava-Jato)".

A contadora revelou que desconfiou da natureza ilegal dos negócios de Youssef quando recebeu ordens do doleiro para fazer um contrato pelo qual a empreiteira Mendes Júnior pagaria R$ 3,8 milhões à GFD Investimentos (uma das empresas de fachada de Youssef), a título de consultoria sobre a viabilidade de plataformas de petróleo. Todos os envolvidos negaram manter qualquer relação com o doleiro.

Parlamentares

De acordo com a reportagem, pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo, diretamente das mãos do doleiro ou por meio de depósitos bancários feitos por Meire. Os deputados André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SDD-BA), que respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara, além dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Mário Negromonte (PP-BA), e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Todos negaram as acusações.

A contadora afirmou ter uma relação de números de contas bancárias de parentes e assessores de políticos que receberam dinheiro do doleiro. Ela revelou ainda negócios entre Youssef e empreiteiras e prefeituras comandadas pelo PT. O doleito oferecia 10% de propina a cada prefeito que aceitasse investir num fundo criado por ele.

"Parece que esta mulher conheceu, como poucos, a arquitetura e a operação do sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu o montante de R$ 10 bilhões. Isso tudo precisa ser investigado", disse o deputado paranaense Rubens Bueno, líder do PPS.

Youssef cogita acordo de delação premiada

Preso há cinco meses e réu em 12 processos que podem render mais de cem anos de prisão, o doleiro Alberto Youssef estaria disposto a aceitar um acordo de delação premiada. A lei brasileira prevê redução de pena para quem colaborar com investigações. Foi o que ocorreu em 2007, quando Youssef foi detido pela primeira vez e se livrou da prisão entregando uma parte da sua clientela. No entendimento dos advogados do doleiro, não há defesa técnica possível contra as provas colhidas até agora. Youssef é acusado de comandar um esquema que teria lavado R$ 10 bilhões.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]