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Brasília - Um dia após ser eleito para comandar o Conselho de Ética do Senado, o senador Paulo Duque (PMDB-AP), voltou a sinalizar que pretende blindar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Duque disse que não teme ser cobrado para que atue com isenção porque a opinião pública é volúvel. Como presidente do conselho, ele pode arquivar sumariamente as denúncias que pedem a cassação do mandato de Sarney – além das quatro que já correm no conselho, mais uma deve ser apresentada na semana que vem pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM).

"A opinião pública é muito volúvel. Ela flutua e coloca até 100 mil pessoas no Maracanã para ver a Madonna e outras 50 mil para assistir ao Roberto Carlos. Quem faz a opinião pública são os jornais e eles estão acabando'', disse. Duque, que é segundo suplente do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) – chegou ao Senado sem um único voto –, tentou minimizar as acusações contra Sarney afirmando que elas fazem parte do cotidiano da política. "Nomeação política, por exemplo, existe desde que Brasil é Brasil. Pero Vaz de caminha pediu emprego para o primo'', afirmou.

Questionado sobre as denúncias contra o presidente do Senado, Duque disse que vai analisar, mas atacou o PSol. "É um partido pequeno que ainda não existe, como o PT já foi um dia. Talvez cresça'', disse. Duque disse que, para julgar Sarney por quebra de decoro, é preciso uma acusação "seríssima''. Não é o caso, disse ele, dos atos secretos que considera uma "grande bobagem'', algo "inventado por alguém''.

A oposição vai apresentar no retorno do recesso parlamentar, em agosto, um requerimento pedindo a troca do presidente do Conselho de Ética do Senado. Para Virgílio, Duque antecipou seu voto. "O presidente Paulo Duque tem que se acostumar a não dizer bobagens. É o caso de pedir a substituição dele, alguém que está dizendo, como juiz, que antes de ler já julga que é tolice o que vai ser julgado não é talvez o juiz mais isento", disse.

Ao ser questionado sobre o possível pedido de substituição, Duque negou que já tenha parecer para as quatro denúncias contra Sarney. "As representações estão guardadas, ainda não comecei examinar. Vou estudar cada uma delas respeitosamente. Agora, me diga onde eu antecipei. Só fiz aquele juízo porque ninguém ao certo sabe o que são esses atos secretos. Eu mesmo nunca fui beneficiado por eles."

Nova denúncia

Virgílio disse ontem que quer que o conselho investigue a participação de Sarney nas negociações que levaram o então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, a nomear o namorado da neta do senador para um cargo de R$ 2,7 mil no Senado. A negociação veio à tona ontem, com o surgimento de supostas gravações telefônicas envolvendo a neta de Sarney.

Às vésperas do início do recesso parlamentar, Sarney preferiu não aparecer hoje no plenário do Senado, frustrando a expectativa de que fizesse um balanço sobre as atividades da Casa neste primeiro semestre do ano.

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