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"A posição que eles [vereadores] tomarão dependerá da intensidade do movimento [pela apuração das denúncias] e da visibilidade que a Câmara irá receber." Adriano Codato, cientista político da UFPR | Pedro Serápio/ Gazeta do Povo
"A posição que eles [vereadores] tomarão dependerá da intensidade do movimento [pela apuração das denúncias] e da visibilidade que a Câmara irá receber." Adriano Codato, cientista político da UFPR| Foto: Pedro Serápio/ Gazeta do Povo

O retorno do recesso da Câmara Municipal de Curitiba foi marcado por manifestações populares. Mas, mesmo após as denúncias envolvendo o presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB), a dinâmica entre os vereadores deve continuar a mesma se não houver pressão política, dizem cientistas políticos.

Para o professor de Ciência Política Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), devido ao fato de a maioria dos vereadores já estar no Legislativo há pelo menos um mandato e de Derosso ser presidente da Casa há 14 anos, é difícil haver mudança de posição. "Além disso, a oposição é muito fraca, quase inexistente, o que dificulta muito uma investigação dentro da Câmara", diz Cervi.

Entretanto, segundo Fabricio Tomio, também professor de Ciência Política da UFPR, a mesa diretora deveria assumir uma nova postura frente às irregularidades denunciadas. "No mínimo a mesa diretora deve mudar a forma de agir, pois está claro que no mínimo há irregularidades. A Casa tem mecanismos internos para lidar com a situação, como a CPI ou a aplicação de uma sanção contra o presidente, se necessário", observa.

A posição que os vereadores irão tomar de agora em diante depende de duas variáveis: a pressão popular e a pressão política. "Os políticos almejam se reeleger ou conseguir cargos melhores. A posição que eles tomarão dependerá da intensidade do movimento [pela apuração das denúncias] e da visibilidade que a Câmara irá receber", explica o cientista político Adriano Codato, da UFPR. Segundo ele, como os vereadores formam um bloco de apoio à prefeitura e ao presidente da Câmara, é difícil eles assumirem posição contrária. "Apenas se o prefeito ou um partido sugerir ao presidente que a situação está crítica é que pode haver uma mudança de posição. Somente a pressão popular não é suficiente", diz Codato.

Tomio também acredita que a pressão popular sozinha não causaria grandes mudanças, já que a bancada a favor de Derosso é significativa. "Se não houver pressão política, os vereadores não vão fazer nada, pois a maioria apoia ou não quer se desgastar com a mesa que controla a Câmara há muito tempo", afirma ele. Segundo Codato, essa falta de expressividade da oposição dentro do Legislativo municipal pode facilitar o esquecimento do assunto. "Os vereadores são pequenos; não têm poder e capacidade de mobilização o tempo todo. Há sim o risco de o assunto morrer caso os partidos de oposição não conseguigam apoio de políticos da situa­­ção", analisa.

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