• Carregando...
Youssef: cem horas de depoimentos à Polícia Federal | Reprodução
Youssef: cem horas de depoimentos à Polícia Federal| Foto: Reprodução

Apontado como um dos articuladores do esquema de pagamento de propina no escândalo da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef prestou ontem seu último depoimento da delação premiada, de acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Federal (PF). A informação, porém, não foi confirmada pelos advogados do doleiro. De acordo com a PF, os depoimentos somam aproximadamente cem horas de gravação.

Antonio Figueiredo Basto, um dos advogados de Youssef, afirmou ontem que espera que a delação do seu cliente seja homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) entre sete a dez dias depois do fim dos depoimentos.

Figueiredo disse ainda que está confiante que a delação resulte na redução da pena de Youssef para o regime aberto – em que o preso cumpre a pena em prisão domiciliar –, assim como ocorreu com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. "A expectativa que temos é de regime aberto como efeito da grande colaboração dele. Ele merece isso", declarou Basto.

O advogado destacou, porém, que o conteúdo dos depoimentos de Youssef ainda será confrontado com outras provas na fase judicial do processo. "A palavra, sozinha, não tem valor de prova, tem valor de indício", disse.

Figueiredo também negou a acusação da defesa de alguns empreiteiros investigados de que seu cliente tivesse praticado extorsão para obrigá-los a participarem do esquema. "Ele [Youssef] era usado por outras pessoas para que o esquema pudesse acontecer. Não é possível que meu cliente comandasse um esquema de tamanha envergadura, pois não tinha poder para isso. Ele era meramente uma engrenagem do esquema", declarou.

Suspensão

Basto disse ainda que o processo de delação premiada de Alberto Youssef fez com que outras ações judiciais em que o doleiro figura como réu fossem suspensas pela Justiça, como as do caso Banestado. Em 2004, Youssef havia firmado acordo de delação nesse processo, mas a ação judicial voltou a correr porque ele havia descumprido uma da condicionantes, que era não voltar a praticar crimes.

Há quatro processos do caso Banestado tramitando na Justiça. Em um deles, Youssef chegou a ser condenado a quatro anos e quatro meses de prisão. Conforme denúncia do Ministério Público Federal (MPF), ele pagou propina de R$ 131 mil ao operador internacional do banco para conseguir um financiamento de 1,5 milhão de dólares.

A assessoria da Justiça Federal informou, porém, que o pedido de suspensão dos processos ainda não foi apreciado pelo juiz Sérgio Moro, mas que o MPF já se manifestou favoravelmente ao pedido do doleiro.

Desde março

Youssef está preso na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba desde 17 de março, quando foi deflagrada a primeira etapa da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras. Ele firmou acordo de delação premiada (em que colabora com as investigações em troca de benefícios, como redução da pena) no mês de setembro e começou a prestar os depoimentos no dia 2 de outubro.

A fase de tomada dos depoimentos se estendeu até agora, segundo advogados do doleiro, devido às condições de saúde de Youssef. Ele chegou a ser internado com problemas cardíacos em três ocasiões desde que foi preso.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]