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Os depoimentos de três delegados da Polícia Civil de Brasília, um deles já aposentado, abriram uma nova frente de investigação no inquérito 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Esse é o inquérito que estourou o esquema de corrupção no governo do Distrito Federal, que ficou conhecido como "mensalão do DEM" e entra nesta semana na sua fase decisiva. Informações fornecidas pelos policiais levam as investigações para o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que tentará voltar ao poder neste ano, e o ex-governador interino Paulo Octávio, que assumiu o cargo após a prisão do governador José Roberto Arruda, mas renunciou na esperança de sair do foco das denúncias.

Além de ser arrastado para o centro das investigações da Operação Caixa de Pandora, Roriz deve enfrentar outro inquérito. Após dois anos de apuração, o Ministério Público concluiu que Roriz teria recebido uma propina de R$ 2,2 milhões para facilitar um negócio de aproximadamente R$ 44 milhões para o empresário Nenê Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas.

Na operação Caixa de Pan­dora, o elo entre Roriz e Oc­tá­vio é o policial aposentado Marcelo Toledo, apontado pela Operação Caixa de Pandora como um dos principais operadores do esquema de distribuição de propina no governo do DF. A máquina de cobrança de empresas para alimentar o esquema teria sido montada com a participação direta de Toledo desde o governo Roriz (1998-2006) e preservada por Arruda até ser desmantelada, em novembro passado.

O esquema foi revelado após acordo de delação de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo, também policial e cúmplice de Toledo desde o início. Com o cerco se fechando, Toledo negocia acordo de delação em troca de benefícios penais. O Ministério Público avalia se ele está disposto a apresentar as provas de que dispõe contra Roriz e Paulo Octávio. Mas o acordo só será fechado, conforme apurou a reportagem, se o MP considerar que atende o interesse público. A Polícia Federal vem dando segurança discreta ao policial.

Ouvidos pelo Núcleo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público do DF, os delegados Celso Ferro, Cícero Jairo Monteiro e Marco Aurélio de Souza disseram que o então governador José Roberto Arruda interferiu diretamente em operações da Polícia Civil e puniu policiais que investigavam seu governo.

Outro lado

Os ex-governadores do DF Joaquim Roriz e Paulo Octávio informaram que não têm ideia do conteúdo do depoimento do policial aposentado Marcelo Toledo à PF. "Não tenho conhecimento", afirmou Paulo Octávio. O assessor de imprensa de Roriz, Paulo Fona, disse que o ex-governador não comentaria as informações porque não tem conhecimento do assunto. "É a primeira vez que ouço sobre qualquer ligação entre Marcelo Toledo e o governador Roriz", afirmou.

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