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Cunha em depoimento ao Conselho de Ética, em 19 de maio: desde emntão, ele não falava com a imprensa. | Wilson Dias/Agência Brasil
Cunha em depoimento ao Conselho de Ética, em 19 de maio: desde emntão, ele não falava com a imprensa.| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Depois de fazer grande mistério sobre o motivo de ter convocado uma entrevista coletiva para esta terça-feira (21), o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o principal motivo para chamar os jornalistas foi para dar sua versão sobre as acusações a que responde. O peemedebista disse que decidiu voltar “com regularidade” a dar entrevistas, pois há um “nítido cerceamento de defesa” que o tem prejudicado.

Cunha havia causado expectativa no meio político ao convocar, na segunda-feira (20), uma entrevista para jornalistas. Especulou-se que ele poderia renunciar à presidência da Câmara ou que poderia fazer revelações sobre casos de corrupção (nos bastidores, Cunha deixou vazar a informação de que pode firmar delação premiada).

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Na entrevista, porém, nada disso ocorreu. Cunha lembrou que, desde 19 de maio, quando prestou depoimento no Conselho de Ética da Câmara, não dava entrevistas públicas, limitando-se a emitir notas ou se pronunciar pelas redes sociais sobre os fatos. “Isso, de certa forma, tem prejudicado e muito não só minha versão de fatos e defesa, como também a comunicação. Por isso, decidi voltar com regularidade a prestar satisfações eu mesmo, me expor ao debate”, disse.Na avaliação dele, “há um nítido cerceamento de defesa em vários pontos, e a falta de comunicação é um deles”.

Cunha disse também que esta “absolutamente convicto” de que não mentiu à CPI da Petrobras em 2015 quando disse que não possui contas não declaradas o exterior. A acusação de que mentiu foi o argumento que embasou o pedido de cassação do peemedebista, apresentado pelo PSol e Rede no Conselho de Ética da Câmara.

“Estou absolutamente convicto de que não menti”, afirmou Cunha. Apesar das provas apresentadas pelo Ministério Público Suíço e pelo Banco Central brasileiro, o peemedebista disse que não há comprovações de que ele tinha contas secretas que movimentava fora do país. “Eu ter conta na literalidade da conta, não há comprovação disso, não tem como comprovar”, disse.

O presidente afastado da Câmara disse que, na CPI da Petrobras, nenhum dos parlamentares o questionou se sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz, possuía contas no exterior. “Ela detinha sim conta, dentro do padrão do Banco Central e não tinha obrigação de declarar”, afirmou. Ele ressaltou ainda que não estava sob juramento na comissão e que não se furtou a responder qualquer pergunta.

Críticas a Dilma

Cunha também usou parte da entrevista para criticar o governo da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, desde o início do mandato, a administração petista já demonstrava fraqueza. O peemedebista afirmou que, apesar da “guerra enorme do governo” contra sua candidatura à presidente da Câmara, um sentimento contrário ao PT o ajudou a se eleger para o comando da Casa. Cunha lembrou que o candidato petista que disputou com ele, Arlindo Chignaglia (SP), teve praticamente o mesmo número de votos que Dilma teve para tentar barrar o impeachment.

O parlamentar petista foi derrotado por Cunha por 267 votos a 136. Já o impeachment de Dilma foi aprovado pela Câmara por 367 votos a 137. Na avaliação de Cunha, isso demonstra que o governo Dilma tinha o tamanho de sua base limitado. “Ou seja, a Casa continuou dentro do processo de impeachment exatamente como estava no início da legislatura”, disse.

O presidente afastado da Câmara afirmou que dados como esse mostram que o governo Dilma não tinha maioria e, por isso, acabou sofrendo derrotas no Parlamento. “E foi ficando cada vez mais fraco com a Lava Jato”, afirmou o peemedebista.

Balanço

Cunha também fez um balanço dos trabalhos da Câmara enquanto era presidente. Ele citou a adoção de uma pauta independente na sua gestão. Entre as matérias aprovadas dessa pauta, ele citou a redução da maioridade penal e alguns pontos da Reforma Política.

O peemedebista rebateu a tese defendida pela presidente afastada Dilma Rousseff de que a votação de uma “pauta-bomba” inviabilizou o governo da petista. “Como se a Câmara fosse um conjunto de irresponsáveis”, disse.

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