
Em meio à tentativa do governo do estado de aprovar uma reforma na Paranaprevidência desde fevereiro, um segundo deputado da base aliada acusou o Executivo de condicionar a liberação de recursos e obras ao voto favorável a esse e a outros projetos. Em uma gravação que circula nas redes sociais, Cobra Repórter (PSC) afirma que, caso vote com a oposição, não conseguirá “nem um papel de bala” do governador Beto Richa (PSDB).
Questionado pelo Jornal de Londrina no último domingo (26), o parlamentar havia dito que votaria contra a proposta por entender que o governo do estado estava descumprindo um acordo com os professores de que não mexeria na previdência estadual. Na segunda-feira (27), porém, Cobra foi um dos 31 deputados a se posicionar a favor da matéria, na primeira votação do projeto.
Procurado pela reportagem, o parlamentar do PSC disse que estava em uma reunião. Já em um áudio divulgado na internet, ele justificou que o jogo é “desigual” e “extremamente pesado” na Assembleia. “Não queira ninguém de vocês estar na minha pele”, afirmou.
Na sequência, citou o caso do colega Tercílio Turini (PPS), que, desde que passou a votar com a oposição, não estaria conseguindo aprovar nenhum projeto de autoria dele na Casa. “Oposição aqui não tem vez de nada, nem de ir ao banheiro. O governo só dá coisas pra quem está na base. [Para] quem está na oposição, ele não dá nada”, disse. “Se eu me posicionar na oposição, esse cara [Richa] não me dá nada. Vou ser um deputado de quatro anos fazendo oba-oba, sem levar nada para a minha região.”
Procurado por telefone, o secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra, não foi encontrado para comentar as declarações.
Histórico
Em fevereiro, quando a Assembleia tentou votar a primeira versão do “pacotaço”, Adelino Ribeiro (PSL) afirmou que o secretário da Saúde, Michele Caputo, condicionou a liberação de um ônibus para o transporte de pacientes de um município da base eleitoral do parlamentar ao voto favorável às propostas do governo. Caputo negou as acusações e disse que nem sequer conversou com Ribeiro. Na segunda-feira, Adelino votou contra a mudança na previdência.



