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Em sessão do Conselho de Ética na qual o constrangimento era visível, o deputado Mário de Oliveira (PSC-MG) alegou ser inocente da acusação de contratar um pistoleiro para tentar assassinar o também deputado Carlos Willian (PTC-MG). Oliveira, no entanto, foi contraditório em vários momentos do depoimento e não apresentou motivos para justificar porque foi vítima de uma armação. Permitiu, no entanto, a quebra de seu sigilo telefônico.

Feita no último dia 27 de julho pelo PTC, a representação por quebra de decoro contra Oliveira baseou-se em inquérito aberto pela Polícia Civil de Osasco (SP). Segundo o inquérito, Odair da Silva, preso pela polícia no dia 19 de junho, que em depoimento afirmou ter contratado um pistoleiro para matar Willian, por orientação de Oliveira. Em entrevista recente a um jornal mineiro, Odair recuou, inocentou Oliveira e acusou Willian de ter tramado tudo.

Atônitos com o caso, os colegas indagaram a Oliveira que motivos Carlos Willian e Odair teriam para armar essa situação contra ele. Oliveira disse não saber o porquê, atribuindo à natureza do ser humano.

- Eu estranho, mas não entendo. Não há razão política, financeira do meu ponto de vista.

Muito nervoso, Oliveira contou que conheceu Carlos Willian em 1982, que os dois pertenciam a Igreja do Evangélio Quadrangular e mantiveram um relacionamento de amizade até 2005. O primeiro abalo na relação aconteceu em 2003, quando Willian, em evento da igreja, agrediu policiais e criticou políticos. Tal comportamento foi reprovado por Oliveira e pela igreja, o que teria irritado Willian e motivado sua saída da congregação em 2005.

Oliveira contou que além de ser obreiro da igreja, Willian atuava como seu advogado e da instituição. E depois de negar, acabou admitindo um desentendimento público entre ele e Carlos Willian em fevereiro, no dia da posse. Willian disse que Oliveira ameaçou-o de morte, mas Oliveira negou que isso tenha ocorrido.

Oliveira também negou qualquer desentendimento com Odair, que conheceu no ano passado. Segundo o deputado, Odair era uma espécie de office-boy da igreja, em São Paulo. Os dois ficaram amigos e Oliveira interessou em ampliar um projeto de recuperação de drogados tocado por Odair. Disse que Odair viajou duas ou três vezes com ele, a Brasília e a Minas.

- Ele vinha me fazer companhia. Eu o convidei a vir comigo, não havia um objetivo. Meus companheiros sempre viajam comigo. São pessoas que cativam a gente - disse Oliveira, que contou ter recebido dois telefonemas de Odair depois de 19 de junho.

Oliveira negou envolvimento em outro caso, denunciado pelo Ministério Público de Minas, de suposto desvio de recursos da prefeitura de Contagem para uma ONG.

Depois de ouvir Oliveira, a relatora do processo, Solange Amaral (DEM-RJ), disse não ter dúvidas de que há problemas de decoro no caso.

- Foram levantados novos aspectos, até em relação a possibilidade de desvio de dinheiro a ONGs. Seja lá o que for, há indícios de quebra de decoro e ética. Vamos investigar a fundo, trazer testemunhas para confrontar as visões. Está tudo muito nebuloso, parece haver relacionamento entre política e religião - disse Solange.

Para a relatora, que deverá ouvir Carlos Willian na próxima semana, um outro depoimento importante será o do obreiro Odair da Silva.

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