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A Comissão de Seguridade Social da Câmara rejeitou quarta-feira, por unanimidade, projeto do deputado Ildeu Araújo (PP-SP) que obrigava o governo a distribuir gratuitamente medicamentos para homens com disfunção erétil, ou seja, com problemas de ereção. Na comissão, a proposta foi batizada como "projeto Pinto Alegre", numa referência à cidade Novo Santo Antônio (MT), onde os vereadores aprovaram distribuição de estimulantes sexuais à população, como o Viagra. Para Ildeu, a impotência é um "atentado mortal contra a masculinidade".

Na justificativa do projeto, Ildeu Araújo relata o drama de uma pessoa com problemas de ereção, diz que a impotência já acabou com muitos casamentos e que chega a ser desesperador quando um homem, no auge de sua virilidade, é acometido por essa disfunção. O deputado começa afirmando que a atividade sexual é, a exemplo de comer, respirar, dormir e pensar, uma necessidade humana. Ele explica o quadro do impotente: "Sem estímulo sexual, o pênis deve permanecer flácido ou relaxado. O pênis começa a intumescer quando o gatilho erótico do cérebro é disparado por estímulos eróticos. O cérebro comanda uma série de reações para nervos, vasos e músculos, que culminam com a ereção. Os corpos cavernosos enchem-se de sangue e o pênis torna-se rígido".

O autor do projeto conta ainda que um homem impotente cede ao vício da bebida e que sua auto-estima é diminuída, o que o leva a profunda depressão. "Falhar com a parceira é um dos maiores temores masculinos e é capaz de determinar o rumo de qualquer relacionamento. É sabido que os homens não aceitam falhar neste aspecto e se sentem desmoralizados, uma vez que este fato é sentido como um atentado mortal não só à sua virilidade, mas à sua masculinidade e poder como um todo".

Para Ildeu, a maioria dos homens tem dificuldade de aceitar que pode estar impotente porque a sua auto-estima está "calcada na ereção do pênis". Segundo ele, os homens elegeram como seus "ícones de virilidade" os músculos, a força física, a inteligência e, "sem dúvida, a ereção". O deputado conta que esse problema atinge homens de todas as classes sociais e que a impotência provoca muita frustração, vergonha, angústia e medo.

A comissão rejeitou a proposta num clima bem-humorado. O projeto provocou risos e brincadeiras de parlamentares. O relator do projeto, Geraldo Resende (PPS-MS), acredita que o governo tem outras prioridades na área de saúde, que não distribuir Viagra para a população.

"A matéria é reveladora do elevado caráter e do alto grau de consciência social e sanitária do eminente deputado Ildeu. Mas por que essa droga, para essa enfermidade específica, e não outras, para as milhares de doenças que acometem nossa população, inclusive com freqüência bem mais expressiva?" - disse Geraldo Resende em seu parecer, aprovado por unanimidade.

Ildeu Araújo responde a processo no Conselho de Ética, acusado de envolvimento no escândalo dos sanguessugas, de destinar emenda para compra superfaturada de ambulância. Ele se elegeu em 2002 pelo Prona, de Enéas, mas não se reelegeu este ano, por conta das denúncias de quebra de decoro parlamentar.

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