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“Café da manhã” na frente do prédio em que mora o deputado Alexandre Curi (PMDB). | Antônio More/Gazeta do Povo
“Café da manhã” na frente do prédio em que mora o deputado Alexandre Curi (PMDB).| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Nas últimas semanas, os professores estaduais em greve têm feito uma série de manifestações em frente da casa de deputados da base do governador Beto Richa (PSDB). Vários deputados já foram alvo desse tipo de manifestação, chamada pelos servidores de “Café da Manhã”. A ideia do protesto é juntar o maior número possível de servidores em greve em frente da residência dos parlamentares nas primeiras horas do dia para pressioná-los em relação às reivindicações da categoria.

Coincidência ou não, o fato é que na semana que passou os parlamentares se articularam e apresentaram uma proposta alternativa para garantir o reajuste dos servidores e, assim, encerrar a greve dos professores.

“Houve um desrespeito enorme dos nossos direitos. É uma manifestação que indica para eles [parlamentares] que a gente não aceita que não haja um processo profundo de debate sobre qualquer tema”, justifica o presidente da APP Sindicato, Hermes Leão.

Para o cientista político Luiz Domingos Costa, pesquisador do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil, essa é uma maneira de renovar o movimento e não perder a mobilização dos servidores. “É uma forma de renovar o movimento, de recriá-lo. Dessa forma o movimento se fortalece no longo prazo”, diz Costa.

Para o pesquisador, o objetivo das mobilizações não é aumentar o número de simpatizantes à causa dos professores, mas sim fazer com que os próprios servidores se mantenham mobilizados. Costa explica que em toda manifestação de longo prazo existem ciclos e que, se não houver um trabalho para garantir que a categoria permaneça mobilizada, o movimento acaba perdendo a força.

“O que me parece uma tendência não é esse tipo de ato em si. A tendência é de diversificar os atos. Criar cada vez repertórios inovadores de mobilização”, diz Costa. Para ele, essa é uma forma de manter o movimento vivo.

Mas a tática divide opiniões dos parlamentares. Durante o protesto dos professores em frente de sua casa, em Paranavaí (Noroeste do Paraná), o deputado Tião Medeiros (PSD) chegou a receber os professores para uma conversa, mas diz não apoiar a tática. “Não vejo sentido na manifestação em frente de casa porque não é isso que vai conduzir meu voto”, disse Medeiros. “Eu abdiquei da minha privacidade no momento em que decidi ser deputado, mas minha família não tem nada a ver com isso.”

O presidente da Assembleia Ademar Traiano (PSDB) também não aprovou a manifestação em frente de sua casa. “Eles [manifestantes] ficaram duas horas infernizando a vida dos moradores do meu prédio. Isso não é atitude de professor, mas de sindicalista”, afirmou o deputado em um discurso no Palácio Iguaçu na última terça-feira (2).

Já o líder do governo na Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), afirma que não se sentiu incomodado com a manifestação. “Faz parte. É uma nova modalidade [de manifestação]”, afirma o deputado. “É uma forma de manifestação muito válida.”

Casamento

Outros parlamentares também foram alvo dos protestos. Entre eles os parlamentares Alexandre Curi (PMDB), Luiz Carlos Martins (PSD) e Tiago Amaral (PSB). Amaral inclusive teve d e passar por uma manifestação no dia de seu casamento, em Londrina.

Esses deputados não foram localizados para comentar as manifestações.

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