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Cunha chega para o pronunciamento desta terça-feira (21) | EVARISTO SA/AFP
Cunha chega para o pronunciamento desta terça-feira (21)| Foto: EVARISTO SA/AFP

Enquanto o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fazia um pronunciamento no Hotel Nacional, em Brasília, deputados criticaram o fato de a TV Câmara transmitir, em seu canal no YouTube e no canal interno da Casa, a fala de Cunha, afastado do cargo e do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Primeira a denunciar o ocorrido, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) fez uma representação à Mesa Diretora da Câmara, na tarde desta terça-feira (21), pedindo que o presidente afastado devolva à Casa os valores gastos com a transmissão do pronunciamento.

Diretor responsável pela TV Câmara é demitido

Estadão Conteúdo

O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), demitiu o diretor da Secretaria de Comunicação, Claudio Lessa, responsável pela TV Câmara. A emissora criada para divulgar as atividades parlamentares transmitiu hoje ao vivo a entrevista do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que foi condenado por parlamentares. A presidência alega que o motivo da demissão não está relacionado com a transmissão desta manhã.

“Essa questão já estava decidida. Eu estava apenas aguardando o retorno das férias. As pessoas passam e as instituições ficam. Trata-se de um bom profissional que cumpriu sua missão com zelo e responsabilidade”, disse Maranhão. Lessa voltou de férias na segunda-feira (20) e, como é servidor da Casa, será realocado para outra função.

A TV Câmara enviou uma equipe ao local para transmitir o evento pela internet, interrompendo a transmissão dos trabalhos das comissões no canal interno da Casa. O canal principal, que transmite as sessões plenárias, não exibiu nenhum trecho da fala do peemedebista.

“Temos que zelar pela publicidade dos atos do Parlamento. A prioridade é o trabalho parlamentar, e ele deixou de ser apresentado porque há um comando leal do senhor Eduardo Cunha. Há iniciativas administrativas a serem tomadas e inclusive de ressarcimento aos cofres da Câmara pelo deputado Eduardo Cunha, porque a estrutura da Câmara foi mobilizada para trabalhar para ele. Ele nos transformou em um poder refém dos seus interesses pessoais e criminosos”. criticou a deputada.

Líder do PPS, o deputado Rubens Bueno (PR) também criticou. “Não é possível que a TV Câmara se utilize de servidores desta Casa para essa entrevista. Se isso aconteceu, a Presidência deve mandar apurar, a Mesa não está aqui a serviço de Eduardo Cunha. Ele está com o mandato suspenso e, por consequência, afastado da Presidência da Câmara”, disse.

Os diretores da TV Câmara responderam às críticas e negaram qualquer influência de Eduardo Cunha na decisão de transmitir o pronunciamento. Os jornalistas alegaram “nítido interesse jornalístico”, inclusive pela possibilidade de o presidente afastado renunciar durante o evento.

“A programação principal em nenhum momento deixou de transmitir a sessão plenária. Transmitimos o pronunciamento no canal interino e fomos (ao local) unicamente por interesse jornalístico. Quer queira, quer não, ele é o presidente da Câmara, mesmo afastado. Havia nítido interesse jornalístico”, disse Silvério Rios, diretor da TV Câmara.

Uma das críticas de Maria do Rosário foi o fato de que, além da transmissão via YouTube da Câmara, o pronunciamento também foi exibido no canal interno, interrompendo a transmissão de trabalhos das comissões. Rios admitiu que isso ocorreu, mas alegou, novamente, que o critério foi do que teria interesse público.

“No canal alternativo isso realmente aconteceu, mas a gente achou que era importante transmitir aquilo. Foi um critério jornalístico”, disse.

Diretor de mídias da TV Câmara, Carlos Henrique Novis disse que o deputado Giacobo (PR-PR) chegou a ligar para pedir a interrupção da transmissão, mas que o pronunciamento já tinha terminado. Giacobo presidia a sessão quando Rosário pediu que ele suspendesse a transmissão.

“Não tive nenhuma ordem para transmitir ou não transmitir, quando o Giacobo pediu para suspender já tinha acabado. Estou muito tranquilo porque não fiz nada para beneficiar ninguém. Fiz porque era de interesse público, é obrigação nossa cobrir, completou.

Novis contou que, no YouTube, a TV Câmara pode transmitir vários eventos simultâneos, como ocorreu hoje. E que havia 11 mil pessoas acompanhando o pronunciamento de Eduardo Cunha no YouTube da Câmara, muitos deles deputados federais.

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