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Medida sensacionalista e ilegal

O secretário estadual de Segurança, Luiz Fernando Delazari, recebeu duras críticas ontem na Assembleia de deputados da oposição e da própria base de governo pela decisão de recolher as carteiras de habilitação suspensas na casa dos motoristas. Segundo eles, a medida seria ilegal e sensacionalista.

Reinhold Stephanes Júnior (PMDB) acusou Delazari de "abuso de autoridade e perseguição política". Segundo ele, a apreensão da carteira do vereador Denilson Pires, de um partido de oposição, o DEM, caracterizaria perseguição política. "Falei com promotores e juízes e todos dizem que isso é imoral e ilegal", disse Stephanes. "E também foi um ato de perseguição política, porque Denilson vive criticando o Requião."

Outro a atacar Delazari foi o líder do PSDB, Ademar Traiano. Ele afirmou que o secretário estaria "pegando carona" no caso do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho para se promover. "O grande xerife da segurança do Paraná está usando o acidente trágico em que dois jovens morreram para uma jogada de marketing." Ele ainda classificou a medida de "sensacionalista".

A assessoria de Delazari informou que a PM está agindo dentro da lei e que não há necessidade de mandado judicial para a apreensão das carteiras porque os policiais estariam apenas pedindo a habilitação, sem entrar nas residências. Para o secretário, "quem está contra a lei é quem não entregou a carteira e não o governo". (KC)

Livres da tarefa de ter de levar adiante o processo de cassação do mandato de Fernando Ribas Carli Filho, vários deputados estaduais elogiaram ontem a decisão do ex-colega de renunciar ao cargo. Para os parlamentares amigos, Carli Filho deu uma "lição de caráter" abrir mão do mandato para responder sem privilégios ao inquérito criminal que apura o acidente que matou dois jovens em Curitiba, no último dia 7.

A renúncia foi apresentada na sexta-feira, último dia do prazo estipulado pela Assembleia para Carli Filho apresentar sua defesa no processo de perda de mandato. Os elogios a Carli Filho começaram justamente após o presidente da Assembleia, Nelson Justus, ler em plenário a carta de renúncia do ex-parlamentar – o que oficializou a saída do deputado da Casa e encerrou o processo de cassação.

Entre os deputados, havia consenso de que ele não conseguiria escapar da perda de mandato. Mas a decisão de Carli Filho de renunciar foi considerada um gesto de coragem. "Essa renúncia é uma lição de caráter porque muitos se candidatam para ter mandato e foro privilegiado. Até sexta-feira passada, ele não havia sido julgado, mas já estava condenado. Agora vai se defender na Justiça comum, como qualquer outro cidadão", disse Durval Amaral (DEM).

O tio de Carli Filho, Plauto Miró (DEM), chegou a chorar na tribuna. Disse que a decisão de renúncia foi pessoal, sem qualquer tipo de pressão. "Ele faz parte de uma geração de jovens que estudam, trabalham, dirigem empresas com seus anseios, ideias e erros. Não há nenhum fato que desabone a conduta dele", afirmou.

O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), enumerou uma lista de qualidades de Carli Filho: "responsável, de bom trato, sereno e com maturidade acima da média". Romanelli culpou a imprensa pela repercussão do caso. "A mídia já se sentiu satisfeita porque gosta de transformar as pessoas em bestas feras pelo fato exclusivo de serem deputados", afirmou. "Ele (Carli) não liberta a Assembleia do ônus de julgá-lo, mas ele é que se livra do ônus de ser deputado, da vexatória condição de receber todo dia uma crítica injusta na maioria das vezes."

Na defesa teve até citações bíblicas declamadas por Artagão Júnior (PMDB), adversário político que divide a mesma base eleitoral de Carli Filho, o município de Guarapuava. Artagão recorreu a Provérbios: "Quando cair o teu inimigo, não te alegres".

Tadeu Veneri (PT) considerou exageradas as manifestações. "Carli Filho agora parece ser a vítima do acidente. Não vi ninguém sequer citar que dirigir alcoolizado, em alta velocidade e com a carteira cassada é crime."

O nome de quem assumirá a vaga de Carli Filho ainda está indefinido. A procuradoria da Assembleia é quem decidirá se assume Mario Roque ou Wilson Quinteiro. Ambos foram eleitos pelo PSB, ex-partido de Carli. Mas Roque, primeiro suplente, foi para o PMDB e Quinteiro argumenta que ele teria perdido o direito à vaga devido à regra da fidelidade partidária.

Inquérito

O inquérito que apura as mortes provocadas pelo acidente em que se envolveu Carli Filho deve ser prorrogado por mais 30 dias. O prazo terminaria no próximo domingo, exatamente um mês após o acidente. A prorrogação deve ser pedida para que o delegado Armando Braga ouça o ex-deputado e faça a reconstituição da colisão. (KC)

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