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Eduardo Cunha diz que continua na presidência da Câmara apesar de tornar-se réu no STF. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Eduardo Cunha diz que continua na presidência da Câmara apesar de tornar-se réu no STF.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Logo depois que formou-se maioria no Supremo Tribunal Federal para transformar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em réu, alguns deputados subiram à tribuna para pedir que o parlamentar se afaste da presidência da Casa.

O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), criticou a demora do Conselho de Ética em abrir o processo contra Cunha, destacando que isso aconteceu em meio a manobras protelatórias, percebidas por todos os brasileiros.

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Cunha ouviu o discurso do tucano impassível, olhando para ele, mas assim que o discurso terminou continuou presidindo a sessão, sem dar qualquer resposta. Outros deputados se revesaram na tribuna ressaltando o constrangimento causado pela situação.

“A partir de hoje [quarta-feira], lamento, temos o presidente da Câmara investigado pela própria casa, pelo Conselho de Ética, e réu no STF. É um grande constrangimento que todos nós estamos vivendo. Para o PSDB e para a maioria da população, chegou ao limite. Não resta outra alternativa senão o afastamento. Em benefício da democracia, da economia, afirmo e solicito de maneira clara que o presidente Eduardo Cunha renuncie. Será um gesto de grande importância para a nação e poderá impulsionar o afastamento da presidente Dilma Rousseff”, afirmou Imbassahy.

É um grande constrangimento que todos nós estamos vivendo. Para o PSDB e para a maioria da população, chegou ao limite.”

Antonio Imbassahy Líder do PSDB na Câmara

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No plenário, os demais deputados ouviram em silêncio o discurso do tucano, mas poucos aplaudiram. Assim que desceu da tribuna, Imbassahy foi cumprimentado por colegas tucanos. O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), também pediu a saída de Cunha, acrescentando que a situação deixa a Casa em extremo constrangimento. Bueno criticou ainda o fato de Cunha apenas ouvir os discursos e continuar presidindo a sessão, de forma impassível.

“Estamos vivendo um momento único na história da Câmara, que traz um fato histórico negativo que vai ficar marcado para o país ao mostrar a decisão do STF abrindo processo contra o presidente da Câmara. Esse fato traz para todos nós a mesma posição de defender a sua renúncia, e seu imediato afastamento. Não há outro caminho. A Câmara precisa se aliviar. É muito mais constrangedor vir à tribuna e dizer em frente ao presidente, que virar as costas e não olhar no olho”, disse Bueno.

Esse fato traz para todos nós a mesma posição de defender a sua renúncia, e seu imediato afastamento. Não há outro caminho. A Câmara precisa se aliviar.”

Rubens Bueno Líder do PPS na Câmara.
Deputado Rubens Bueno criticou a situação de Cunha.Gilmar Felix/Câmara dos Deputados

Quando Bueno falava, Cunha decidiu olhar e encarar seu discurso.

Depois de vários discursos criticando e cobrando a saída do peemedebista, o deputado Laerte Bessa (PR-DF) saiu em defesa do presidente da Câmara.

“Senhor presidente, estão prejulgando o senhor. Está cheio de juiz nessa Casa. Vossa excelência foi apenas denunciado, não está condenado. Peço respeito.”

Laerte Bessa Deputado do PR (DF)
Deputado Laerte Bessa saiu em defesa de Eduardo Cunha.Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O deputado Henrique Fontana (PT-RS), também cobrou a saída de Cunha. Fontana disse que falava em nome do líder do PT, Afonso Florence (BA), que em entrevista no Salão Verde cobrou que o presidente da Câmara deixe o cargo.

O primeiro deputado a discursar pedindo a saída de Cunha foi Glauber Braga (PSOL-RJ):

“O Supremo Tribunal Federal já tem maioria pelo acolhimento da denúncia. É uma demonstração clara de que a partir desse momento não pode haver um processado pelo STF que esteja na linha sucessória da presidência da República, fora as ações para impedir o funcionamento do Conselho de Ética, fora as manobras realizadas na própria Câmara e, agora, com acolhimento da denúncia, me dirijo a vossa excelência, deputado Eduardo Cunha, não existe mais possibilidade de o senhor permanecer à frente da presidência da Câmara. Vossa excelência tem direito à defesa, mas a permanência à frente da presidência prejudica inclusive sua própria defesa, porque está claro a utilização da presidência, no que diz respeito ao andamento do processo, fato já dito pelo procurador-geral da República ao STF. “

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O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) também pediu o afastamento de Cunha e criticou o “ambiente de omissão e silêncio” dos demais colegas.

“É preciso que a Câmara tome tenência, observe que isso nos diz respeito e nos leva ao patamar mais baixo da representação popular, se continuarmos nesse ambiente de corporativismo. Cunha não nos representa e não pode presidir a Câmara. Agora ele vai se tornar réu. Ter o presidente da Câmara nessas condições é uma vergonha para a república brasileira”, disse Alencar, acrescentando.

“Há um ambiente de omissão e silêncio. Temos que nos manifestar ou então vamos considerar que o Supremo não tem sabedoria para julgar mais nada, porque aquilo que nos diz respeito não nos move. Chamo os deputados para se manifestar.”

O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ) disse que Cunha não tem mais condições morais e políticas de presidir a Câmara e deveria se afastar. Molon lamentou o fato de o regimento interno não tratar do processo de afastamento do presidente da Casa e cobrou que Cunha tome a iniciativa de se afastar do cargo. Molon destacou ainda que a expectativa é de que o Supremo aprecie, rapidamente, o pedido do procurador geral da República, Rodrigo Janot, que pediu o afastamento de Cunha do mandato e do cargo.

“Nossa expectativa recai no processo de cassação e na análise do pedido de afastamento no STF. A nossa expectativa é que o presidente da Casa, para preservar a Casa desse constrangimento, se afaste da presidência, para responder a esses dois processos. Isso impediria a todos nós de enfrentarmos uma situação como essa. O deputado Cunha deveria se afastar enquanto durar esse processo. Gostaria que vossa excelência se afastasse. Nós pedimos isso em defesa da democracia, do nosso mandado e do parlamento”, disse Molon.

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