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Pedro Novais: ministro tem segundo escândalo em um mês | Vatler Campanato/ABr
Pedro Novais: ministro tem segundo escândalo em um mês| Foto: Vatler Campanato/ABr

Sugestão

OAB quer devolução e novas regras

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, quer que os familiares dos deputados devolvam os passaportes diplomáticos usados para turismo. Segundo ele, a OAB pretende enviar à presidente Dilma Rousseff a sugestão para que seja alterada a regra que permite a emissão desses documentos especiais para quem não representa o Brasil em missões oficiais no exterior.

Para o presidente da entidade, é uma questão de "princípios". "Esse tipo de procedimento de usar o passaporte para turismo nos remete à colônia. Ou seja, àqueles que estão no poder, tudo será dado. É necessário que se revise essa regulamentação. O parlamentar exerce um cargo elevado, de representação, que o povo lhe deu, mas isso não o legitima a ter esse tipo de benesses. É um contrassenso à República. Fazer turismo com esse tipo de proteção é algo que agride ao bom senso", disse.

Na sexta-feira, Ophir já havia solicitado que dois filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agraciados com passaporte diplomático no fim do mês passado, devolvam o documento. Um dos filhos beneficiados, Marcos Cláudio, de 39 anos, avisou pelo Twitter que vai devolver o documento.

Quatro dias antes de pedir ressarcimento à Câmara por despesas em um motel, o agora ministro do Turismo, Pedro Novais, solicitou um passaporte diplomático e um visto para sua mulher ir a Miami, nos Estados Unidos. De acordo com registros da Segunda Secretaria da Câmara, no dia 24 de junho de 2010, quando era deputado, Novais enviou o ofício 106/2010 requerendo a emissão do passaporte especial para sua "companheira", Maria Helena Pereira de Melo. Uma semana depois, outro ofício (110/2010), tratou da emissão de visto de "turismo" para Maria Helena ir a Miami (EUA) entre 30 de agosto e 30 de setembro do ano passado. Outro ofício, de número 109/2010, requereu passaporte e visto também para Pedro Novais. Os documentos estão registrados nos relatórios de "sistema de passaporte" da Segunda Se­­cretaria, órgão da Câmara responsável por cuidar dos documentos dos parlamentares.

"Isso é uma vergonha. Esse documento deve ser usado para fins diplomáticos, para missão do Congresso Nacional", disse ontem o presidente da Ordem dos Advoga­­­dos do Brasil, Ophir Cavalcanti.

O jornal O Estado de São Paulo mostrou neste fim de semana que os deputados e seus parentes aproveitam os passaportes diplomáticos para viajar a turismo. Quem tem esse documento recebe privilégios em aeroportos, como fila e atendimento especiais – em alfândegas, prioridade em bagagens e, dependendo do país, fica dispensado do visto. Pelo menos dois terços desses passaportes solicitados ao Itamaraty, nos últimos dois anos, foram para mulheres, maridos e filhos dos parlamentares. E 87% dos vistos internacionais para esses documentos tiveram motivação turística.

No dia 20 de dezembro, o petista João Paulo Cunha (SP) solicitou o documento e o visto de "turismo" para ele, a mulher e a filha também irem a Nova York, só que em janeiro. Na reportagem de domingo, o jornal afirmou que o paranaense Ratinho Junior (PSC) também teve duas filhas beneficiadas com passaporte diplomático para viagem turística. O deputado não foi encontrado para comentar o fato.

Por meio da sua assessoria, o ministro Pedro Novais alegou que sua mulher tem o passaporte diplomático desde 1991, dentro da lei que permite ao cônjuge do parlamentar ter o documento especial. Novais disse que a permissão para entrar nos EUA também havia expirado para ele e sua mulher. Pediram então um novo visto. Para isso, segundo a assessoria, tiveram de informar uma eventual viagem aos EUA. Daí, aparecer o destino Miami. Mas, segundo ele, o processo não foi concluído e os dois não viajaram.

A reportagem procurou Eunício Oliveira e João Paulo Cu­­nha. Eles não responderam.

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