
O diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Elias Fernandes, pediu demissão ontem após relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar irregularidades em sua gestão. A decisão foi tomada depois de conversa entre Fernandes e o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), seu padrinho político.
A demissão do diretor foi uma exigência da presidente Dilma Rousseff, após Alves ter descartado a possibilidade de o governo criar uma crise com o maior partido da base aliada, em torno do Dnocs.
A presidente se sentiu desafiada pelo líder e mandou que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, entrasse em contato com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, para providenciar a rápida demissão de Elias Fernandes. Receoso de criar uma crise pessoal com o PMDB, Bezerra pediu ajuda do vice-presidente da República, Michel Temer, para que explicasse ao líder a situação. A própria ministra Gleisi também recorreu a Temer, na tentativa de explicar que a presidente não podia admitir ser desafiada pelo líder peemedebista.
A negociação foi feita por intensa troca de telefonemas, já que o líder está em Natal, os ministros em Brasília e Temer em São Paulo. No meio da manhã ficou acordado que Elias Fernandes tomaria a iniciativa de pedir demissão, mas Fernando Bezerra teria que se comprometer em dar uma declaração sobre "a lisura dos procedimentos" do diretor do Dnocs à frente do órgão. Em conversa anterior com Temer e Henrique Alves, o ministro Bezerra já havia acolhido a defesa de Fernandes, contestando a participação do diretor em desvios de recursos do órgão, por meio de licitações superfaturadas.
O diretor-geral passa por uma crise no órgão após relatório da CGU apontar desvio de R$ 192 milhões em obras tocadas pela autarquia.
O Dnocs é vinculado à pasta da Integração Nacional, comandada por Fernando Bezerra, do PSB, que enfrenta suspeitas de favorecimento político na distribuição de verbas do ministério.
Aliado
O PMDB é o principal aliado do PT na coalizão de Dilma Rousseff e foi um dos fiadores do governo em votações polêmicas de 2011, como a do Código Florestal. Apesar da aliança, nos bastidores peemedebistas manifestam insatisfação. O partido avalia que não irá ganhar espaço na reforma ministerial e que o governo tenta enfraquecer Alves na disputa pelo comando da Câmara. Apesar do acordo para a candidatura do peemedebista, setores do PT trabalham para que isso não aconteça.



