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Brasília (AE) – Ao cair da tarde da última sexta-feira (26), o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira deixou a capital paulista para um retiro de duas semanas em um sítio no interior de São Paulo. "Preciso de paz. Não quero que ninguém me ache." Silvinho, como é conhecido no PT, decidiu partir apenas agora para o isolamento, mas está só desde que a crise política abateu a antiga direção do partido, há dois meses.

Desempregado desde que pediu desfiliação do partido ("Quem vai me dar emprego agora?"), Silvinho preenche os dias lendo, cozinhando e cuidando da filha. "De secretário-geral do PT a babá...", brinca, não sem uma ponta de nostalgia. "Mas acho que o pior já passou", arrisca." Agora estou curtindo a dor, mas é duro não poder sair na rua." O pior, para ele, foi ter sido obrigado a confessar que recebeu como agrado da empreiteira GDK – empresa que tem contratos milionários com a Petrobras e influência ainda pouco investigada dentro do PT – uma caminhonete Land Rover, avaliada em R$ 70 mil.

Hoje, o ex-secretário admite que errou. "Foi moralmente inaceitável. O negócio do carro foi emblemático", reconhece, com a voz embargada. "Estou tentando devolver a Land Rover." O episódio forçou a saída dele do partido.

Publicamente, o ex-secretário-geral garante que seus pecados começam e terminam na Land Rover. Nas entrelinhas, sugere que tem mais o que contar – não necessariamente dele. Perguntado se o deputado José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares deveriam sair do partido, deixa a resposta no ar. "Olha, cada um fala por si", cutuca.

Silvinho é duro com a antiga direção petista, mas parece esquecer que fez parte dela. "Isso tudo é um mar de lama. O filiado do PT tem razão em ficar revoltado", critica. Embora admita que alguns dirigentes petistas o têm procurado, Silvinho quer distância do partido. "Estou criando uma blindagem para mim. Não quero me chatear mais", desabafa.

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