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A votação na Câmara ainda dava esperanças à presidente Dilma Rousseff, diferentemente do Senado. | Lula Marques/Agência PT
A votação na Câmara ainda dava esperanças à presidente Dilma Rousseff, diferentemente do Senado.| Foto: Lula Marques/Agência PT

O Senado Federal decide nesta quarta-feira (11) se aceita a continuidade do processo contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Caso a maioria simples dos senadores presentes na sessão acolham a denúncia, a presidente será afastada por até 180 dias até a conclusão do processo que pode culminar em sua cassação.

Diferente do que ocorreu há quase um mês quando a Câmara se preparava para votar a questão, Dilma chega à votação do Senado sem grandes perspectivas de escapar do afastamento.

No mês passado, a presidente foi à campo em busca de apoio na Câmara, oferecendo cargos e buscando costurar alianças de última hora para tentar se salvar. Desta vez, porém, não há mais o que oferecer e a continuidade do impeachment é dada como certa.

Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antônio Testa, Dilma e seus aliados no Senado chegam ao Dia D do impeachment no Senado desgastados. “Ela chega melancolicamente arruinada”, opina Testa. “Também chama a atenção o desgaste dos senadores que defendem a Dilma, principalmente o Lindberhg Farias (PT), Gleisi Hoffmann (PT), Fátima Bezerra (PT) e Vanessa Grazziotin (PCdoB), que cometeram o ridículo de sair do Senado e tentar ir até o Palácio dizendo que agora as coisas mudariam”, analisa o cientista político.

Testa se refere à repercussão no Senado após a decisão do presidente interino da Câmara Waldir Maranhão (PP) de anular a votação do impeachment na Casa – decisão que foi revogada por ele mesmo durante a madrugada desta terça-feira.

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Para o cientista político, essa tentativa de atrasar o processo também provocou um desgaste ao governo Dilma. “Isso deu a ela [Dilma] um desgaste monstruoso, basta você ver o efeito nas redes sociais. Tanto para ela, quanto para o próprio deputado [Waldir Maranhão] e para o Eduardo Cardozo [advogado-geral da União], que redigiu o documento”, analisa.

Para Testa, quem saiu fortalecido do episódio foi o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB), que decidiu ignorar a decisão de Maranhão e tocar o processo de impeachment em frente. “Fortaleceu bastante a posição do presidente do Senado que estava sendo desacreditado. A atitude dele ontem foi uma atitude de líder mesmo, de presidente do Congresso e deu a ele uma sobrevida de prestígio interessante”, explica.

Os erros de Dilma

Com relação a Dilma, o cientista político acredita que não há mais como reverter a queda do governo. “Ela não tem mais o que oferecer, não tem mais recurso”, analisa. “Não tem mais, é uma carta fora do baralho. O que ela vai tentar fazer é barulho, sair gritando que foi um golpe e vai tentar montar um grupo que ela está dizendo que vai ser um governo paralelo para tentar deslegitimar o Michel Temer que foi eleito junto com ela”, analisa Testa.

Para ele, os dois maiores erros da petista que levaram à situação política atual foram a queda de braço com Eduardo Cunha (PMDB) durante as eleições para a presidência da Câmara e a nomeação de Lula para a Casa Civil para garantir ao ex-presidente a prerrogativa de foro, para que ele escapasse das investigações da Lava Jato em Curitiba. “Ela é a responsável pelo seu impeachment”, afirma Testa.

“Politicamente, na minha avaliação, o mair erro dela foi não apoiar o Eduardo Cunha. Politicamente ali ela perdeu todo o controle”, avalia o cientista.

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