Despedida com cara de palanque

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O último dia de Beto Richa (PSDB) como prefeito de Curitiba foi marcado pela correria típica da agenda agitada de um candidato. Richa participou de sete eventos públicos ontem, uma forma de aproveitar os momentos finais de cinco anos e três meses à frente do Executivo municipal antes de sair para concorrer ao governo do Paraná em outubro deste ano. A carta de renúncia ao cargo será entregue hoje de manhã à Câmara Municipal e, em seguida, às 10 horas, o vice-prefeito Luciano Ducci (PSB) assume o cargo pelos próximos dois anos e sete meses.

A agenda de Richa começou ontem logo cedo. Pela manhã, ele inaugurou o Centro de Urgências Médicas Boa Vista e o Armazém da Família Boa Vista; entregou dez viaturas para a Guarda Mu­­­nicipal e lançou o ônibus Ligeirão na linha Boqueirão. Nem o almoço escapou do clima de campanha. O prefeito comeu no Res­­taurante Popular da Praça Rui Barbosa. À tarde, ele criou a a Secretaria Municipal Especial dos Direitos da Pessoa com De­­­fi­­­ciência, deu coletiva à imprensa e foi a inaugura a Escola Municipal João Amazonas – no bairro Cam­­­po do Santana –, que está em funcionamento desde o dia 9 de fevereiro.

Nesse último evento, o prefeito disse " [saio da prefeitura] com uma dor no peito profunda para dedicar-me para um projeto maior" e assumiu a postura de candidato. Distribuiu beijos, abraços e posou para fotos com a população.

Agenda

A correria de ontem é uma prévia do que Richa passará nos próximos meses, até outubro. A agenda de pré-candidato de Richa co­­­meça hoje com um almoço de confraternização de integrantes do PSDB em Santa Felicidade. Já amanhã, o interior começa a ser visitado para tentar levar a popularidade do prefeito em Curitiba para outras cidades.

Na quarta, ele passará o dia em Cascavel, na região Oeste. Lá ele deve conhecer o Hospital do Cân­­­cer de Cascavel (Uopeccan), um centro de referência no tratamento da doença na Região Oeste. De­­­pois ele visita ainda uma fazenda modelo, faz reunião política e, em seguida, dá uma entrevista coletiva à imprensa.

Na quinta-feira, Richa estará em Foz do Iguaçu para também fazer reuniões para elaborar um plano de governo. Porém o prefeito lembra que, em paralelo, estará costurando acordos de apoio. "[Vou fazer] as duas coisas paralelas. Ao longo da caminhada vamos conversando com os partidos."

Renúncia não é traição, diz Beto Richa

O prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) deixa a prefeitura hoje descumprindo uma das promessas de sua campanha de reeleição: ficar os quatro anos na prefeitura de Curitiba, caso fosse reeleito. Para o prefeito, porém, a saída não foi uma traição para com os curitibanos. "Todos que me conhem sabem que eu nunca me impus como candidato. Sempre estive na política para servir. Surgiu uma boa oportunidade de ajudar ainda mais Curitiba e o resto do estado do Paraná. Em alguns lugares até fui convocado a colocar meu nome como pré-candidato. Em Curitiba a maioria dos meu eleitores aprova minha condidatura ao governo do estado", disse o prefeito durante entrevista coletiva ontem.

Ponto fraco

Perguntado sobre o ponto fraco da sua administração, Richa lembrou da licitação do lixo. Segundo ele, a guerra de liminares impetradas por diversas empresas impediu a escolha da usina de processamento que deveria atender os 16 municípios participantes do Consórcio Intermunicipal. "Está vencendo a vida útil da Caximba. Achamos por bem encontrarmos outra área pra instalarmos o aterro sanitário enquanto não sai o julgamento do mérito no Tribunal de Justiça. É uma frustração momentânea. Uma hora sai."

Chapa

O pré-candidato tucano disse também que ainda não definiu o nome do seu candidato a vice. "Vamos formalizar as alianças e conversar com os partidos. Mas não abro mão da última palavra ser minha", salientou. Richa citou o deputado Gustavo Fruet e o senador Flávio Arns como candidatos ao Senado na chapa tucana.

Alianças

Para Richa, a temporada de conversações políticas ainda não acabou no Paraná. Ele disse que não negaria uma conversa com o PDT, do também pré-candidato Osmar Dias ou com o PMDB. "Há uma ala do PMDB que defende a conversa conosco. Pessoalmente não falo com governador há muito tempo. Mas estamos abertos ao diálogo."

Balanço

O pré-candidato tucano fez um balanço do seus cinco anos e três meses no comando da prefeitura de Curitiba. Ele destacou os investimentos em educação que teriam passado de R$ 328 milhões para R$ 668 milhões entre 2004 e 2009. "Mais de sete mil profissionais foram contratados e criamos 22 mil vagas em escolas e creches."