São Paulo - A doação pela internet e por cartões de crédito e débito ainda não empolgou os partidos políticos. A pouco mais de seis meses das eleições, nenhuma das legendas dispõe de um sistema de arrecadação online, mesmo com a legislação eleitoral permitindo a doação aos partidos durante todo o ano. A comunicação com possíveis eleitores pela internet também não parece ser preocupação dos partidos. A reportagem enviou pelo menos dois e-mails aos 27 partidos perguntando como fazer doações pela internet. Depois de dois dias, apenas quatro PTC, PSDC, PPS e PTdoB retornam a mensagem, mas nenhuma com uma resposta.
No dia 2 de março, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou resolução permitindo aos partidos e candidatos doações por meios de cartões de crédito e débito, desde que feitas por pessoas físicas.
A resolução determina que as doações não podem ser financiadas, nem realizadas por cartões corporativos, empresariais ou emitidos no exterior. A mudança havia sido aprovada pelo Congresso no ano passado, mas esperava por regulamentação do TSE.
No PT, a proposta não foi levada a sério. O ex-tesoureiro do partido Paulo Ferreiro, que deixou o cargo este ano, não incentivou a criação de um sistema de doação por ser cético sobre o recurso. No PSDB, uma equipe já foi recrutada para estudar o assunto, mas nada foi feito.
A assessoria do DEM afirmou que o debate sobre questão está no "zero". O mesmo acontece no PMDB. Já o PTC demonstra desconhecer a legislação ao responder que "só em junho poderão ser feitas essas doações". O PR afirmou que a ideia é uma inovação, mas não foi debatida na legenda. Para o PTB, o sistema de doação pela internet é considerado complicado e a realidade brasileira não é a mesma da americana.
Os dois partidos que mostram maior evolução no assunto são o PPS e PV, que já dispõem de um sistema de doação, por boleto, disponível na internet. No entanto, os sistemas estão restritos aos filiados e não permitem o uso de cartão de crédito ou débito.
Desde 2008, o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, tem dado declarações de entusiasmo à ideia. Para o ministro, a internet poderia dar mais transparência às doações.
O maior exemplo desse tipo de arrecadação é a campanha do presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Durante a eleição, o democrata bateu todos os recordes de financiamento de campanha, arrecadando US$ 742 milhões. Ao menos 54% deste dinheiro veio de doações menores de US$ 200, geralmente feitas pela internet. Cerca de 3,5 milhões fizeram doações para Obama.
Dados do TSE também mostram que no Brasil o número de pessoas dispostas a fazer doações é baixo. Em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi reeleito com 1.319 doadores, que fizeram 1.364 contribuições. No mesmo ano, José Serra (PSDB) foi eleito governador de São Paulo com a ajuda de 55 financiadores.
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