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Dicionários falam a língua da corrupção

Pixuleco, petrolão, propinoduto: novas palavras do  mundo político. | Marcelo Elias - Agencia de Noticias Gazeta do Povo/Marcelo Elias - Agencia de Noticias Gazeta do Povo
Pixuleco, petrolão, propinoduto: novas palavras do mundo político. (Foto: Marcelo Elias - Agencia de Noticias Gazeta do Povo/Marcelo Elias - Agencia de Noticias Gazeta do Povo)

Profissionais que trabalham na elaboração de dicionários estudam se termos ligados ao mais recente escândalo político do país, como “petrolão”, “propinoduto” e “pixuleco” devem ganhar espaço nas próximas publicações.

Esse foi o caminho cumprido pelo “mensalão”, que está no Aurélio há pelo menos cinco anos e foi acrescentado à versão online do Houaiss como a “quantia paga a alguns congressistas com o fim de obter a sustentação política parlamentar”.

Há alguns anos, os dicionários são adaptados aos novos tempos. Além de incluírem novos verbetes, as publicações recebem acréscimo de significados a palavras antigas. O termo “tucano”, por exemplo, é definido pelo Aurélio não somente como um pássaro da fauna brasileira, mas como um partidário ou simpatizante do PSDB. “Lançamos uma edição do Aurélio em 2009 e outra em 2010. A última publicação teve 6% de aumento em comparação com a anterior, não só em número de verbetes, mas em novas definições e exemplos”, afirma Valéria Zenik, editora de dicionários da Editora Positivo.

Embora novas palavras tenham emergido a partir das investigações da corrupção na Petrobras, Valéria explica que ainda é cedo para dizer se os termos terão permanência na língua. “As palavras ‘propinoduto’ e ‘pixuleco’ precisam ser analisadas, para ver se continuarão a ser empregadas com esses significados ou se deixarão de ser usadas após a Lava Jato”, afirma. Segundo ela, o professor e lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda tinha como método esperar ao menos cinco anos após o surgimento de uma palavra para decidir se ela seria incluída . “Ele deixava a palavra numa incubadora, estudando a incidência do termo nesse período”, observa.

Diretor do Instituto Antônio Houaiss, Mauro Villar afirma que a publicação é atualizada diariamente há 12 anos e que palavras geradas por problemas da política e economia do Brasil ganharam dicionarizações, entre elas “privataria” e “propinoduto”. O último termo, porém, ainda não está na versão online do dicionário, oferecida a assinantes do site Uol. “Atualizamos o dicionário diariamente e entregamos a nova versão ao Uol de seis em seis meses; o portal disponibiliza a nova versão segundo o ritmo que lhe parece ideal”.

Antes da incorporação de um novo verbete, diz Villar, são analisados critérios como frequência de uso, seriedade das fontes de registro, existência de informações aceitáveis sobre etimologia e datação e interesse de dicionarização para uma obra de cunho geral.

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