
A presidente Dilma Rousseff (PT) vai mudar toda a diretoria da Petrobras. A saída da presidente da companhia, Graça Foster, é questão de dias e está atrelada apenas à aprovação do balanço do terceiro trimestre de 2014 da estatal. Dilma conversou ontem com Graça, durante três horas, no Palácio do Planalto, e comunicou a decisão. O governo procura agora um nome do mercado para substituir a executiva.
Dilma quer repetir a solução "à la Levy", uma alusão ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que era diretor do Bradesco e foi chamado para o governo com a missão de resolver os problemas na economia e acalmar o mercado. Na avaliação da presidente, depois da Operação Lava Jato, que escancarou um esquema de corrupção na Petrobras, a companhia precisa de um nome de peso para limpar sua imagem.
Na lista dos cotados para substituir Graça estão o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o ex-presidente da BR Distribuidora Rodolfo Landim, que trabalhou com Eike Batista na OGX. O problema é que o governo está enfrentando dificuldades para encontrar quem queira ocupar a presidência de uma empresa em crise, alvejada por denúncias de corrupção.
Reunião
Graça foi chamada a Brasília por Dilma para uma conversa sobre a situação da empresa. A direção sofreu forte desgaste político ao divulgar que os ativos da empresa foram inflados em R$ 88,6 bilhões. E sua imagem piorou ainda mais com declarações de que a exploração de petróleo cairá "ao mínimo necessário" e de que haverá corte de investimentos e desaceleração de projetos.
Inicialmente, a ideia era manter Graça no cargo para que continuasse a funcionar como um "colchão", uma barreira para evitar que a crise da empresa atingisse o Planalto e diretamente a própria presidente Dilma Rousseff.
Repercussão
Ontem, parlamentares do PT na Câmara Federal fizeram coro à oposição e pediram a saída rápida da presidente da estatal. No dia em que o mercado viveu forte movimentação com os rumores sobre a demissão da dirigente, os petistas dizem que a presidente Dilma "demorou demais" para trocar a direção da empresa, por "teimosia".
Deputados ouvidos pela reportagem destacam o desgaste vivido pela estatal com a manutenção de Graça ao longo dos últimos meses. "Já deveria ter feito [a troca da direção]. As circunstâncias estão levando a isso", comentou um parlamentar do partido.
Para deputados do PMDB e da oposição, a mudança no comando da Petrobras proporcionaria a recuperação da credibilidade da empresa.
Ex-contadora confessa uso de notas fiscais frias
Kelli Kadanus
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, depôs ontem por cerca de uma hora e meia na Justiça Federal de Curitiba. Ela foi a primeira testemunha de acusação ouvida na segunda audiência referente à ação penal contra os executivos da Engevix.
Meire falou sobre a emissão de notas fiscais da GFD Investimentos, empresa de fachada usada por Youssef no esquema, para a Engevix. "Não tinha prestação de serviços. Ela [GFD] fazia a administração de hotéis, mas o tipo de serviços que foram descritos nas notas emitidas para as empreiteiras não foram prestados", disse a contadora. "As notas comprovam que as empreiteiras por algum motivo deviam algum valor para o Alberto [Youssef]", completou.
Segundo ela, foram emitidas dez notas fiscais da GFD para a Engevix, no total de R$ 2,13 milhões. Meire afirmou que também emitiu notas em nome da GFD para as empresas Sanko Sider e Mendes Júnior e negou que as empresas fossem coagidas. "Isso era tudo sempre muito bem conversado", disse.
A defesa dos executivos da Engevix insiste na tese de que as empreiteiras eram coagidas a pagar propina para manterem os contratos com a Petrobras. "Havia uma extorsão engembrada dentro da Petrobras", disse o advogado Fábio Tofic Simantob. Ele afirmou que os depoimentos dos delatores Júlio Camargo e Augusto Mendonça, da Toyo Setal, deixaram isso claro. "A mentira está vindo à tona", ressaltou Simantob. "É mentira que os empresários eram os verdadeiros culpados", completou.





