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Graça recebe indicação na chegada ao aeroporto de Brasília: presidente da Petrobras conversou com Dilma durante três horas para definir situação no comando da estatal | Fernando Bizerra Jr./EFE
Graça recebe indicação na chegada ao aeroporto de Brasília: presidente da Petrobras conversou com Dilma durante três horas para definir situação no comando da estatal| Foto: Fernando Bizerra Jr./EFE

Meirelles admite crime e acusa Youssef de esconder dinheiro

O empresário Leonardo Meirelles confessou ontem que participou ativamente da emissão de notas fiscais frias usadas no esquema da Lava Jato. De acordo com o advogado Haroldo Nater, que defende Meirelles, o empresário deixou claro em seu depoimento à Justiça Federal em Curitiba alguns elementos entre a ligação do doleiro Alberto Youssef com as empreiteiras. "Ele fez uma confissão parcial dos fatos", disse Nater.

O advogado afirmou que o depoimento de Meirelles reforça a tese de que Youssef era o mentor do esquema de corrupção na Petrobras. "Ele é tão relevante no acontecimento desse evento quanto o Paulo Roberto Costa, Renato Duque e qualquer outra pessoa que esteja envolvida nesse fato", disse.

O advogado voltou a comentar as declarações de Meirelles sobre o dinheiro que Youssef teria ocultado do Ministério Público Federal (MPF) ao firmar o acordo de delação premiada.

"No passado já houve uma delação premiada que não narrou todos os fatos que eram importantes e nós estamos sendo enganados mais uma vez", disse o advogado de Meirelles. Apesar da afirmação de que Youssef tem dinheiro escondido, Nater disse que seu cliente não tem provas referentes à acusação. "Claro que ele não tem como provar", disse.

Já Antônio Figueiredo Basto, que defende Youssef, afirmou que, caso não consiga provar que seu cliente ocultou patrimônio, Meirelles será processado por denunciação caluniosa. "Eu quero que ele diga onde está o dinheiro", disse Basto.

O advogado também criticou o fato de Meire Poza, ex-contadora de Youssef, e Leonardo Meirelles possuírem o mesmo advogado. "Eles têm o mesmo advogado, estão no mesmo hotel e conversaram antes da audiência", ressaltou Basto.

Executiva foi do céu ao inferno na presidência da estatal

Em três anos na presidência da Petrobras, Graça Foster foi do céu ao inferno. Ao assumir o comando da maior empresa do país, em fevereiro de 2012, com seu estilo austero, era considerada no governo e por especialistas do setor a mulher forte que colocaria a Petrobras de volta a um ritmo de crescimento menor do que o do seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, porém de forma sustentada e segura. Não foi, porém, o que ocorreu, por causa também do controle de preços dos combustíveis pelo governo. Por fim, ela sucumbiu ao maior escândalo de corrupção da história da estatal, revelado pela Operação Lava Jato. A situação de Graça no comando da estatal se complicou quando Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente-executiva da Diretoria de Abastecimento, afirmou que a presidente da Petrobras foi informada das irregularidades por e-mail e pessoalmente, desde 2008. No final de 2014, Graça pôs o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff. Amiga de Dilma, Graça tinha o apoio da presidente desde 2003, quando foi indicada para a Secretaria de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. Na época, Dilma comandava a pasta.

Agência O Globo

Advogado de doleiro diz que se arrepende da delação premiada

O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse ontem que se arrepende da delação premiada firmada entre seu cliente e o Ministério Público Federal (MPF). "Eu me arrependo da colaboração porque o que está acontecendo aqui é um jogo de humilhação da defesa, um jogo de imposição. Eu tenho que engolir tudo que está sendo feito e, se não engolir, não tem acordo", disse Basto.

Ele reclamou da maneira como a audiência de ontem foi conduzida pelo juiz federal Sérgio Moro. "Ou algum tribunal superior toma uma providência para acertar o que está acontecendo aqui, ou então tira o Código do Processo Penal e coloca o código da Operação Lava Jato", disse.

Kelli Kadanus

  • Meire Poza, ex-contadora de Youssef: notas milionárias
  • Leonardo Meirelles: emissão de notas fiscais frias

A presidente Dilma Rousseff (PT) vai mudar toda a diretoria da Petrobras. A saída da presidente da companhia, Graça Foster, é questão de dias e está atrelada apenas à aprovação do balanço do terceiro trimestre de 2014 da estatal. Dilma conversou ontem com Graça, durante três horas, no Palácio do Planalto, e comunicou a decisão. O governo procura agora um nome do mercado para substituir a executiva.

Dilma quer repetir a solução "à la Levy", uma alusão ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que era diretor do Bradesco e foi chamado para o governo com a missão de resolver os problemas na economia e acalmar o mercado. Na avaliação da presidente, depois da Operação Lava Jato, que escancarou um esquema de corrupção na Petrobras, a companhia precisa de um nome de peso para limpar sua imagem.

Na lista dos cotados para substituir Graça estão o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o ex-presidente da BR Distribuidora Rodolfo Landim, que trabalhou com Eike Batista na OGX. O problema é que o governo está enfrentando dificuldades para encontrar quem queira ocupar a presidência de uma empresa em crise, alvejada por denúncias de corrupção.

Reunião

Graça foi chamada a Brasília por Dilma para uma conversa sobre a situação da empresa. A direção sofreu forte desgaste político ao divulgar que os ativos da empresa foram inflados em R$ 88,6 bilhões. E sua imagem piorou ainda mais com declarações de que a exploração de petróleo cairá "ao mínimo necessário" e de que haverá corte de investimentos e desaceleração de projetos.

Inicialmente, a ideia era manter Graça no cargo para que continuasse a funcionar como um "colchão", uma barreira para evitar que a crise da empresa atingisse o Planalto e diretamente a própria presidente Dilma Rousseff.

Repercussão

Ontem, parlamentares do PT na Câmara Federal fizeram coro à oposição e pediram a saída rápida da presidente da estatal. No dia em que o mercado viveu forte movimentação com os rumores sobre a demissão da dirigente, os petistas dizem que a presidente Dilma "demorou demais" para trocar a direção da empresa, por "teimosia".

Deputados ouvidos pela reportagem destacam o desgaste vivido pela estatal com a manutenção de Graça ao longo dos últimos meses. "Já deveria ter feito [a troca da direção]. As circunstâncias estão levando a isso", comentou um parlamentar do partido.

Para deputados do PMDB e da oposição, a mudança no comando da Petrobras proporcionaria a recuperação da credibilidade da empresa.

Ex-contadora confessa uso de notas fiscais frias

Kelli Kadanus

A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, depôs ontem por cerca de uma hora e meia na Justiça Federal de Curitiba. Ela foi a primeira testemunha de acusação ouvida na segunda audiência referente à ação penal contra os executivos da Engevix.

Meire falou sobre a emissão de notas fiscais da GFD Investimentos, empresa de fachada usada por Youssef no esquema, para a Engevix. "Não tinha prestação de serviços. Ela [GFD] fazia a administração de hotéis, mas o tipo de serviços que foram descritos nas notas emitidas para as empreiteiras não foram prestados", disse a contadora. "As notas comprovam que as empreiteiras por algum motivo deviam algum valor para o Alberto [Youssef]", completou.

Segundo ela, foram emitidas dez notas fiscais da GFD para a Engevix, no total de R$ 2,13 milhões. Meire afirmou que também emitiu notas em nome da GFD para as empresas Sanko Sider e Mendes Júnior e negou que as empresas fossem coagidas. "Isso era tudo sempre muito bem conversado", disse.

A defesa dos executivos da Engevix insiste na tese de que as empreiteiras eram coagidas a pagar propina para manterem os contratos com a Petrobras. "Havia uma extorsão engembrada dentro da Petrobras", disse o advogado Fábio Tofic Simantob. Ele afirmou que os depoimentos dos delatores Júlio Camargo e Augusto Mendonça, da Toyo Setal, deixaram isso claro. "A mentira está vindo à tona", ressaltou Simantob. "É mentira que os empresários eram os verdadeiros culpados", completou.

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