
O jornalista paranaense Thomas Traumann, anunciado ontem oficialmente como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, terá papel fundamental no relacionamento da presidente Dilma Rousseff com a imprensa no ano de sua tentativa de reeleição. Traumann, que toma posse na segunda-feira, vai substituir Helena Chagas, criticada por petistas por ter sido supostamente "pouco combativa".
Na definição de pessoas próximas a Dilma, Traumann deverá, de um lado, estreitar a relação do Planalto com a chamada grande imprensa e, de outro, contemplar mais órgãos regionais de comunicação na divisão do bolo publicitário oficial. Sua antecessora teria sido criticada por não privilegiar a "mídia alternativa".
A pasta tem autonomia para convocar redes obrigatórias e para contratar as agências de publicidade em campanhas institucionais do governo.
Carreira
Nascido em Rolândia e formado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Jornalismo, Traumann trabalhou como repórter nos jornais O Estado do Paraná e Folha de Londrina. Ele também atuou nas revistas Veja e Época e na Folha de S.Paulo.
Em 2011, passou a assessorar o então ministro Antonio Palocci na Casa Civil. Com a saída de Palocci do governo, em junho, tornou-se assessor da ministra Helena Chagas. Aos poucos, ganhou a confiança de Dilma. De assessor, tornou-se em 2012 porta-voz da Presidência, onde ajudou a estruturar o "gabinete digital", ofensiva de Dilma nas redes sociais. Nos bastidores do ministério, Traumann protagonizava uma disputa velada com Helena Chagas.
Mídia técnica
Em sua carta de demissão à presidente Dilma, Helena Chagas alfinetou o PT e disse que manteve o critério da mídia técnica, adotado no governo do ex-presidente Lula. "O critério da mídia técnica, que herdamos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que soubemos preservar e aprimorar, propiciou a oportuna e equilibrada publicidade governamental de tais ações públicas", diz a ministra. A mídia técnica define quais veículos receberão anúncios de acordo com sua audiência.
A mensagem da ministra é em resposta à crítica petista que defendia, desde 2012, um realinhamento editorial na definição dos patrocínios federais. O PT deseja que o ministério contemple mais os veículos alinhados à defesa da administração petista.
Planalto agirá para esvaziar manifestações
A presidente Dilma Rousseff planeja realizar uma ampla campanha publicitária para defender a realização da Copa do Mundo no Brasil. O tema também fará parte, a partir de agora, dos discursos oficiais e ações nas redes sociais. Assim, o governo pretende enfraquecer as críticas à realização do Mundial e esvaziar eventuais manifestações durante o megaevento esportivo entre junho e julho.
Uma onda negativa poderá ter reflexo nas eleições de outubro, avaliam auxiliares da presidente. No ano passado, a série de manifestações em meados do ano derrubou a popularidade de Dilma.
A preocupação com a Copa e eventuais reflexos na eleição já integrava a pauta do Palácio do Planalto. O Ministério da Justiça planeja, por exemplo, fazer uma série de visitas aos estados que vão sediar jogos a fim de conversar com os comandos das polícias militares e ressaltar a importância de se evitar conflitos com manifestantes foram ações violentas da PM paulista que engrossaram os protestos de junho de 2013.
A nova estratégia de comunicação será a primeira tarefa de Thomas Traumann no comando da Secretaria de Comunicação Social.



