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Impedidos de entrar com faixas e camisetas de protesto no local da cerimônia, manifestantes improvisaram cartazes | Antônio Scorza/AFP
Impedidos de entrar com faixas e camisetas de protesto no local da cerimônia, manifestantes improvisaram cartazes| Foto: Antônio Scorza/AFP

A presidente Dilma Rousseff foi vaiada ontem por professores e servidores em greve ao discursar na cidade de Rio Pardo de Minas (MG). Dilma esteve no município de 30 mil habitantes, no Norte do estado, para participar de uma solenidade de ampliação do Programa Brasil Sorridente, que previne a saúde bucal.

Enquanto os cerca de 40 servidores federais que participaram do protesto gritavam "A greve continua/Dilma, a culpa é sua", a presidente, aparentando contrariedade, mas tentando se mostrar tranquila, afirmou que sua prioridade para enfrentar as consequências da crise europeia será destinar recursos públicos para manter empregos no setor privado, o que irritou ainda mais os ativistas.

"Este é um país que tem de ser feito para a maioria de seus habitantes. Não pode ser feito só para uma parte deles. Tem de olhar o que é mais importante para o país atender. O Brasil sabe que pode e vai enfrentar a crise e vai passar por cima dela. Queremos todos os brasileiros empregados, recebendo seus salários e recebendo serviços públicos de qualidade", afirmou, a cerca de 40 metros do local onde gritavam os manifestantes, cercados por policiais militares e seguranças.

Dilma comparou sua política a cuidados com a saúde e, mais uma vez, defendeu o destino de recursos aos mais pobres. "Sabemos que a criança não sai sozinha da pobreza", disse. "Para sair da pobreza, precisa do pai, da mãe, dos irmãos. Por isso fizemos o Programa Brasil Carinhoso. O que queremos? Queremos que as crianças tenham o mínimo necessário e que esse mínimo necessário dê condições dignas para ela e sua família. Queremos que os jovens tenham acesso à educação", disse, causando ainda mais vaias.

A presidente encerrou o pronunciamento de pouco mais de dez minutos com um agradecimento irônico. "Queria dizer a vocês que me orgulho, como [o ex-presidente] Juscelino [Kubistchek], porque vejam, dois presidentes mineiros, o Juscelino e eu, de ter estado aqui nesta cidade. Não vou esquecer vocês, não vou esquecer esta recepção. E sobretudo quero dizer que fico sempre muito feliz de ver esta forma tão amigável como Minas recebe a gente".

Drible

Para se aproximar do palanque oficial, cercado por grades de ferro, os manifestantes furaram o esquema de segurança da Presidência da República. Impedidos de entrar com faixas ou camisetas do movimento na área reservada para o público, apelaram para a discrição. Entraram sem alarde e ficaram calados durante o discurso do prefeito do município e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Quando Dilma iniciou o discurso, começaram a gritar as palavras de ordem. Seguravam cartazes de papel, improvisados com tinta hidrocor e papel, que levaram escondidos.

"Nossa greve unificou — estudante, funcionário e professor", gritavam, alguns com os rostos parcialmente pintados de preto. Os ativistas disseram ser do câmpus avançado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) de Montes Claros, do Instituto de Educação Tecnológico do Norte de Minas e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais de Educação. A presidente foi aplaudida pelos moradores de Rio Pardo de Minas e deixou o local sem dar entrevistas.

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