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Veja todos os escolhidos para compor o ministério de Dilma Rousseff |
Veja todos os escolhidos para compor o ministério de Dilma Rousseff| Foto:

Opinião

Escolha política

A escolha do prefeito de Sobral (CE), Leônidas de Menezes Cristino (PSB), para a Secretaria Especial de Portos no governo Dilma Rousseff reforça a evidência de que para fazer política no Brasil vale abrir espaço onde for para agradar aliados, independentemente do conhecimento técnico do escolhido. O caso de Cristino é emblemático. Prefeito de uma cidade no interior do Ceará, longe do mar e sem rios importantes – o município fica a 229 km da capital Fortaleza, que fica à beira mar –, o político do PSB vai comandar a pasta responsável por um dos setores mais estratégicos da economia brasileira, que movimentou em 2008 US$ 289,3 bilhões em exportações e importações – o que equivaleu a 17,5% do PIB do país naquele ano. Cristino é engenheiro civil, especialista em transporte rodoviário. A vaga de ministro foi ganha por sua proximidade com os irmãos Ciro e Cid Gomes (deputado federal e governador cearense, respectivamente) e para agradar o PSB, legenda que elegeu seis governadores em outubro.

Brasília - A presidente eleita, Dilma Rousseff, concluiu ontem a formação do ministério que tomará posse com ela em 1.º de janeiro, após 37 dias de negociações com os 12 partidos de sua base. A fotografia da nova equipe traz nove mulheres no comando de pastas e um expressivo domínio petista. O partido ficou com 17 das 37 cadeiras do primeiro escalão. Em verbas de orçamento livres, o PT ficou com R$ 56 bilhões, em valores de 2010 – 35% a mais do que hoje.

Em contrapartida, o PMDB – aliado preferencial na campanha – acabou com seis ministérios e menos poder e recursos do que na gestão Lula. Perdeu pastas importantes como Saúde, Integração Nacional e Comunicações. Os demais partidos da base receberam o equivalente ao que têm atualmente. Sob o carimbo da continuidade, um terço do novo Executivo já trabalha no atual governo.

Não há estrelas na nova equipe, apesar do esforço da eleita em convidar celebridades. Tentou o empresário Jorge Gerdau para o Desenvolvimento, e um sanitarista de renome para a Saúde.

Dilma não atingiu a marca autoimposta de completar a Esplanada com um terço dos postos ocupados por mulheres. Apesar disso, superou seu antecessor com folga. Nos dois mandatos, Lula teve, ao todo, dez mulheres no comando de pastas, mas nunca contou com mais de quatro ministras nas formações originais dos mandatos.

Ontem foram oficializados os últimos dois titulares que faltavam para fechar a formação do primeiro escalão: o deputado eleito Afonso Florence (PT-BA) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a deputada Iriny Lopes (PT-ES) para a Secretaria das Mulheres.

As costuras finais acabaram dando mais trabalho do que a eleita imaginava – ela desejava concluir seu ministério até a diplomação no Tribunal Superior Eleitoral, na sexta-feira passada. As diversas tendências do PT pressionaram a eleita. Convicta de que precisava aumentar a cota feminina e do Nordeste, Dilma chegou a convidar a secretária de Desenvol_vimento de Sergipe, Maria Lucia Falcón, para o Desenvolvimento Agrário. Teve problemas com a tendência do PT Democracia Socialista, que comanda a pasta. Ao final, manteve um nome do Nordeste, mas da ala petista.

Outro problema foi a dificuldade em agradar ao PSB. O plano original era dar Integração Nacional e Portos, mas Dilma quis chamar Ciro Gomes para uma pasta. O convite desagradou aos caciques da legenda. Ao final, a bancada do PSB na Câmara ficou sem representação.

Dilma se esforçou para abarcar desejos e apetites de aliados na montagem do ministério. Acabou, ela própria, tendo que digerir uma equipe longe da que idealizava.

Ela planejava uma equipe com a marca da eficiência e da meritocracia – conceitos gerenciais que reverencia. Precisou admitir ministros que não dominam áreas sob sua administração.

Escândalo

No mesmo dia em que fechou a equipe ministerial, Dilma viu um dos seus escolhidos ser acusado de usar verbas de ressarcimento da Câmara Federal para pagar um motel. O deputado Pedro Novais (PMDB-MA), que será ministro do Turismo, anunciou ontem que devolveu aos cofres da Câmara dos Deputados o dinheiro público usado por ele para pagar a despesa em um motel de São Luís (MA).

Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo revelou que o deputado pediu à Câmara, por meio de uma nota fiscal, o ressarcimento de despesa de R$ 2.156,00 no Motel Caribe, na capital do Maranhão, referente ao mês de junho. Uma gerente do Caribe afirmou que Pedro Novais reservou uma suíte em junho para uma festa com amigos.

Dentro do governo de transição, o clima é de preocupação em relação ao futuro ministro do Turismo, um desconhecido no primeiro escalão da política de Brasília. Em nota divulgada ontem, Novais reafirmou que foi um "erro" de sua assessoria incluir "indevidamente" a nota fiscal do motel. Ele negou que tenha participado de alguma festa no local. A pedido do deputado, a direção administrativa da Câmara retirou de seu site a nota fiscal que estava inserida na prestação de contas da verba indenizatória do parlamentar.

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