
Apesar das seguidas e visíveis ações dos aliados contra o governo, que não tem garantia de vitória nas matérias que devem ser votadas nesta semana no Congresso, a presidente Dilma Rousseff considera que não há uma crise na base aliada. Para ela, há problemas com as mudanças nas lideranças congressistas e, com o tempo, os aliados se acalmarão.
Ao menos esse é o discurso que os assessores próximos à presidente tentam disseminar, apesar de diariamente partidos anunciarem que reunirão suas bancadas no Congresso para avaliar seu apoio ao Executivo.
Segundo relato de um deles, quando a presidente é questionada sobre crise política responde de bate pronto: "Que crise?" A negação da crise pode se tornar algo ainda mais perigoso para a presidente, já que a pressão dos partidos aliados continua crescendo e não houve respostas claras às reivindicações.
Nesta terça-feira (20), por exemplo, o PR, cujos senadores anunciaram na última quarta-feira (14) que vão fazer oposição ao governo, reúne presidentes dos diretórios regionais e pode decidir institucionalmente ir para a oposição. São sete votos a menos para o governo no Senado. Se os deputados do PR seguirem o mesmo caminho, serão 40 votos a menos na Câmara. "Sempre teve um grupo entre 10 e 12 deputados que queria fazer oposição ao governo", contou um parlamentar do partido sob condição de anonimato.
Também nesta terça, o PSC reúne seus deputados para decidir como atuarão na Câmara. Eles também estão articulados com o PTB. Somadas, as bancadas têm 39 votos. "Ainda estamos tentando entender o que está ocorrendo. A gente quer saber a dimensão do nosso espaço. Já foram trocados três ministros e não fomos convidados", disse o deputado Hugo Leal (PSC-RJ), que já teve seu nome sondado no Palácio do Planalto para ocupar um ministério.
Embates
Há pelo menos duas semanas, Dilma passa por embates com os congressistas aliados. Primeiro, teve que se reunir com o vice-presidente Michel Temer depois que 54 dos 78 deputados do PMDB assinaram um manifesto reclamando da relação com o governo e da proeminência do PT nos cargos de primeiro escalão. Depois, a presidente sofreu sua derrota no Congresso ao ver rejeitada no Senado a recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), um técnico de sua confiança. Após a derrota e o manifesto, Dilma decidiu trocar seus líderes no Congresso, o que gerou novos descontentamentos pela forma e pelas escolhas feitas.



