
A presidente Dilma Rousseff lançou ontem o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica Brasil Agronegócio, em um momento em que a oposição se prepara para atacar a política de meio ambiente do governo. O objetivo seria esvaziar o discurso da ex-senadora Marina Silva, referência na área ambiental, que se aliou ao governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) para as eleições de 2014.
Ao discursar no lançamento do plano, Dilma foi interrompida diversas vezes por gritos do público, composto por agricultores familiares, índios e jovens de comunidades rurais. Um deles chegou a cobrar a construção de creches, justamente um dos pontos mais criticados da administração petista.
"Ô, gente, R$ 7 bilhões de crédito rural e ele está me pedindo crédito rural? Ah, creche rural? Também concordo com creche rural. Mas aqui, vocês peçam isso no próximo programa, está bom?", disse a presidente.
Para se blindar, Dilma recorreu às estatísticas oficiais: afirmou que o governo federal está construindo 6 mil creches e que elas estão sendo "distribuídas". "Creche não é um lugar em que você guarda criança, creche é uma instituição fundamental de educação. Por que é que ela é uma instituição fundamental de educação? Porque ela ataca a raiz da desigualdade", prosseguiu, repetindo trechos de discursos anteriores. No início do evento, o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, foi vaiado.
A presidente disse que o país tem dado passos significativos na construção de um padrão de desenvolvimento sustentável. Segundo ela, cresce a importância e consciência sobre agroecologia e a agricultura orgânica. O Brasil Agronegócio visa a ampliar a produção e o consumo de alimentos orgânicos e agroecológicos. O plano tem por objetivo articular políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos e com base agroecológica.
O investimento inicial será R$ 8,8 bilhões em três anos. Desse total, R$ 7 bilhões serão disponibilizados via crédito agrícola por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Plano Agrícola e Pecuário e R$ 1,8 bilhão será destinado para ações específicas, como qualificação e promoção de assistência técnica e extensão rural, desenvolvimento e disponibilização de inovações tecnológicas e ampliação do acesso a mercados institucionais.



