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Petistas que participam neste sábado de reunião da direção do partido deram pistas sobre a composição do futuro governo de coalizão, que está sendo articulado pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Jaques Wagner, governador eleito da Bahia, admitiu que os petistas terão de fazer sacrifícios em prol dos aliados, enquanto a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) defendeu que os novos ministros terão de ser ``anfíbios'', aliando perfil técnico e político.

``Eu creio que o PT já tem uma participação bastante significativa, tem os ministros do Planejamento, da Fazenda e da Casa Civil. A legitimidade existe, mas, evidentemente, em sendo o partido do presidente, o PT terá maturidade para entender que, se o presidente precisa ampliar, ele não vai ampliar pedindo sacrifícios aos aliados, vai ter que pedir sacrifício a seu próprio partido'', disse Wagner a jornalistas.

Wagner é porta-voz credenciado por ter ocupado a pasta da articulação política do governo e pela derrota histórica que impôs ao PFL na Bahia nas eleições de outubro. O feito lhe valeu a alcunha de ``carrasco da oligarquia'', externado pelo presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, em discurso na abertura das discussões desta tarde.

Durante a semana, o presidente Lula recebeu a adesão quase majoritária do PMDB ao segundo mandato, o que ampliará, necessariamente, a presença da sigla no Executivo.

Dilma ressaltou que as alianças passem por uma discussão programática e destacou o aspecto político na escolha de ministros.

``É uma questão de gestão combinar características técnicas com características políticas. Disseram até de mim mesma que eu era sobretudo uma técnica. Eu acho que é bom que a gente tenha características técnicas, mas a gente não pode cair na tecnocracia. Eu tenho clareza que administrar um país com recursos escassos requer decisões políticas, clareza política, compromisso político'', afirmou.

``Vai ter as duas coisas, ministro geralmente é um ser anfíbio: técnico e político,'' resumiu.

Questionada se confirmava sua permanência no segundo mandato, já que declarou que ela própria aliava as duas características que credenciam um ministro, preferiu citar sua prisão no período da ditadura militar.

``Eu não estava fazendo nada de técnico quando eu fiquei presa aqui na rua Tutóia, na Operação Bandeirantes, em 1970, por um mês e meio. Eu não estava fazendo nada de técnico, achava que a ditadura não era a solução para o país.''

O hotel onde se realiza o encontro do PT fica na mesma rua onde se localizava a Operação Bandeirantes, centro de tortura da ditadura militar (1964-1985).

Formuladora de estratégias do governo, ela deixou a decisão sobre o tamanho da presença do PT com o presidente.

``No método de coalizão programática, aumentam os espaços dos partidos que serão da base do governo. Isso não significa que haverá uma desqualificação da participação do PT. O PT teve espaço significativo no governo e continuará com espaço significativo na medida em que o presidente da República (decida).''

Em relação aos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado, que também fazem parte das articulações de Lula com aliados, Jaques Wagner não excluiu a pretensão do PT. ``Não é obrigado a ser do PT nem é proibido ser do PT'', declarou.

O encontro do partido, que se estende até domingo, reúne ministros, governadores eleitos, líderes das bancadas, além dos mais de 80 integrantes do Diretório Nacional. A reunião pode antecipar o Congresso da legenda, que agendará eleições para a direção.

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