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Dilma será a primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU | Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma será a primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A viagem da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, que se inicia neste domingo, será marcada por discursos que pretendem conjugar suas credenciais pessoais – como o fato de ser mulher –com a atual situação do Brasil diante de um cenário de crise econômica mundial. Primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, Dilma deverá mostrar políticas adotadas pelo Brasil para vencer dificuldades econômicas do cenário internacional, citando a ascensão dos mais pobres à classe média. E poderá adotar posições ainda mais claras no cenário internacional, como uma defesa mais enfática da criação do Estado palestino.

Mas a estratégia de mostrar o sucesso de programas brasileiros, inclusive na área da saúde, entra em conflito com uma realidade interna bem diferente: o debate sobre os problemas de financiamento e gestão do setor.

Há também um esforço para evitar que o encontro sobre transparência governamental – um dos debates temáticos de Dilma na ONU – seja contaminado pela crise de queda de mi­­nistros por denúncias de irregularidades. Ou pela demora do Congresso para aprovar a Lei de Acesso à Informação e a Comis­são da Verdade. O governo nega que o adiamento da votação causará embaraços para Dilma.

Há a expectativa do Planalto de que na quarta-feira, dia do discurso de Dilma na sede das Na­­ções Unidas, a Câmara aprove a Comissão da Verdade. A aprovação desse projeto é considerada um "plus" na passagem da presidente pelos EUA.

No plano internacional, a presidente quer reforçar a posição do Brasil sobre a questão palestina, já que em dezembro o país reconheceu a existência do Esta­do palestino. O governo brasileiro já tem essa posição histórica, mas ela será explicitada por Dil­ma. O Brasil reconheceu o Estado palestino em carta enviada pelo ex-presidente Lula à Autoridade Nacional Palestina.

A expectativa é que esta se torne, de fato, a viagem mais importante desde que Dilma tomou posse, pois terá oportunidade de falar dos temas do momento, da instabilidade política no mundo árabe e da crise financeira global. A presidente Dilma ficará nos EUA até quinta-feira à noite.

Mulher

Para o professor Virgílio Arraes, que leciona História Contempo­rânea na UnB, o fato de a presidente ser a primeira mulher a discursar será apenas um simbolismo, mas não são esses os temas de interesse das discussões. "O presidente do Brasil abrir o en­­contro é uma tradição. Os temas são a questão econômica, se o Brasil vai baixar juros, vai crescer, vai conseguir realizar a Copa do Mundo", diz.

Dilma também terá encontros bilaterais, com destaque para a audiência com o presidente norte-americano Barack Oba­­ma, prevista para terça-feira. Outro encontro de destaque será com o presidente da França, Nicolas Sarkozy. O principal tema deverá ser a questão da compra ou não dos caças franceses pelo Brasil, assunto arquivado pela presidente no início do ano. Ela também se encontra com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente do México, Felipe Calderón.

Amanhã, a presidente participa de duas mesas-re­dondas na ONU, sobre "Doenças Crônicas Não Transmissíveis" e sobre "Participação política de mulheres". Na terça, a presidente participará de mesa-redonda sobre transparência nos governos. Apesar das denúncias que afetaram o primeiro escalão do governo, diplomatas e ministros sustentam que a imagem da presidente lá fora também é de al­­guém fortemente comprometido com o combate à corrupção. Na quarta, Dilma manterá a tradição de o presidente do Brasil discursar na abertura da reunião da ONU. Deverá falar sobre como o Brasil tem adotado programas sociais de sucesso e, na crise, mos­­trar a chamada "politica de desenvolvimento do Brasil com inclusão social".

Ao falar sobre crise econômica global, a presidente deverá manter o tom duro que teve em encontros internacionais recentes, criticando a falta de reforma do sistema financeiro, algo que deveria ter sido feito depois da crise econômica de 2008.

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