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Segundo Paulo Passos, o repasse de recursos extras para obras na BR-101 foi feito de forma legal | Wilson Dias/ABr
Segundo Paulo Passos, o repasse de recursos extras para obras na BR-101 foi feito de forma legal| Foto: Wilson Dias/ABr

Brasília - O afastamento de pelo menos mais um diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Hideraldo Caron, e do atual presidente interino da Valec, Felipe Sanches, já foi acertado entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. A reportagem apurou que a decisão foi tomada em uma reunião no meio da tarde de sexta-feira, no Planalto. Passos ficou de decidir o dia e a hora do anúncio dos dois novos afastamentos.

Seremos Breves: confira no vídeo a análise sobre a crise no Ministério dos Transportes

Com a saída de Caron, atual diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Sanches, que substituiu José Francisco das Neves, o ?Juquinha?, a crise na administração da infraestrutura do governo Dilma já derrubou sete dirigentes e um funcionário terceirizado que agia como lobista do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR).

Saíram, até agora, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), que foi substituído pelo seu vice, Paulo Passos; o diretor-executivo interino do Dnit, José Henrique Coelho Sadok de Sá, afastado na quinta-feira após uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrar que sua mulher, dona de uma construtora em Boa Vista (RR), ganhou contratos no valor de R$ 18 milhões com o órgão; Mauro Barbosa, chefe de gabinete de Nascimento, e Luís Tito Bonvini, assessor especial dos Transportes.

Luiz Antonio Pagot, indicado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) ainda no governo Lula, em 2007, e que comandava o Dnit no início da crise, está formalmente de férias, mas alguns assessores da presidente Dilma dizem que ele não volta ao cargo. Na sexta-feira, durante uma entrevista do ministro Passos, depois de muita insistência dos jornalistas sobre o destino definitivo do ex-diretor do Dnit, ele jogou a responsabilidade da saída definitiva para a presidente Dilma: ?Ele (Pagot) está em férias. Não posso falar em decisões da presidente?.

Própria carne

A saída de Caron, militante do PT gaúcho e indicado pelo partido para o Dnit, e de Felipe Sanches faz parte da ordem dada pela presidente para que Paulo Passos faça ?uma limpa? nos Trans­­portes. No caso de Caron, que controla quase 90% do orçamento do Dnit, o Planalto quer mostrar também que está disposto a ?cortar na própria carne?. A edição da revista Veja desta semana, com base em informações do Pagot, aponta o petista Caron como um diretor do Dnit que não só sabia como se empenhava pessoalmente para viabilizar alguns ?estranhos reajustes? de preço de obras.

A revista cita especificamente a duplicação da BR-101, no trecho entre o balneário catarinense de Palhoça e a cidade gaúcha de Osório. Teria sido Caron, segundo Pagot, quem sustentou no colegiado do Dnit a necessidade de assinar contratos aditivos com as empreiteiras encarregadas da obra, que teve seu preço ?inflado? em 73% do valor original do contrato.

A presidente sabia das informações sobre Caron desde sexta-feira, quando se reuniu com Passos. Uma investigação preliminar na Valec também levou Dilma a tomar a decisão de mandar o ministro afastar o interino da estatal ferroviária.

Dilma disse a Passos que não quer execrar ninguém e que é preciso agir com equilíbrio, para que não sejam cometidas injustiças. Mas ela também disse que não suporta tantas denúncias e suspeições em um único setor do governo e quer que providências sejam tomadas o mais rápido possível para sanear os Transportes.

Indicações técnicas

Segundo um interlocutor de Dilma, ao contrário dos boatos que circularam na sexta-feira passada, a presidente ?não quer escolher pessoalmente os nomes dos substitutos dos afastados, seja no DNIT, seja na Valec, ou no próprio Ministério dos Transportes?. Isso seria o mesmo que botar no colo da presidente a responsabilidade pelos erros do novo escolhido. O que ela quer, apurou o Estado, é que as próximas escolhas sejam feitas ?com lupa? e evitem conexões partidárias de caráter exclusivamente fisiológico. Mas Dilma quer participar da decisão, ao lado do ministro.

Veja em vídeo a análise dos jornalistas Ricardo Medeiros e Rogério Galindo sobre a crise:

Seremos Breves - Crise Dilma transportes

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