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Dilma: descrita como "afetiva" | Evaristo Sá / AFP
Dilma: descrita como "afetiva"| Foto: Evaristo Sá / AFP

Petista diz que não fará concessões

Na entrevista para os jornais argentinos publicada neste final de semana, Dilma Rousseff (PT) reafirmou que não fará concessões na área de direitos humanos, e disse que o Brasil ainda tem dívidas a respeito disso. "Não tenho problema em dizer se algo vai mal por lá, ou por aqui também". Ela admitiu ainda que teve uma divergência com o Itamaraty na questão. "Não vou negociar os diretos humanos, digo que não haverá concessões nesse tema."

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  • Cristina é tida como antipática

A presidente Dilma Rousseff se encontra hoje com sua colega Cristina Kirchner em Buenos Aires, sua primeira viagem oficial ao exterior, em tempos de retomada de investimentos. Em 2011, a Vale promete investir US$ 1,4 bilhão na Argentina, o triplo de todo investimento brasileiro registrado no país vizinho em 2010. Há 250 empresas brasileiras no país, em áreas que vão de calçados a alimentos e autopeças, contra 60 em 2000. O grupo Camargo Correa adquiriu a indústria de cimento Loma Negra por US$ 1 bilhão, em 2005, e a Natura produz perfumes no país para driblar barreiras tarifárias.

Mas a importância dos negócios na Argentina, que foi o primeiro destino internacional de muitas empresas brasileiras nos anos 90, declinou nos últimos anos. Em 2009, o Brasil investiu apenas US$ 191 milhões no país, menos de 2,4% dos investimentos brasileiros diretos no exterior naquele ano. O comércio exterior também declinou bastante. As vendas para o país vizinho representavam 13,20% de todos os embarques do Brasil ao exterior em 1998. No ano passado, a Argentina respondia por 9,17% das exportações brasileiras.

Mesmo assim, o país é um parceiro estratégico, e será essa a mensagem que Dilma levará a Cristina hoje. A petista aproveitará para mandar recado aos vizinhos Bolívia, Equador e Paraguai. Antes mesmo de embarcar, ela sinalizou, numa entrevista no Planalto, publicada no sábado pelos principais jornais de Buenos Aires, que não aceitará quebras de contratos empresariais e comerciais.

Dilma afirmou a jornalistas argentinos que é preciso respeitar contratos para garantir um marco regulatório estável. Ela disse que entendia os problemas e as condições históricas enfrentadas pelos países do continente e avaliou que o respeito aos contratos firmados é o método mais eficaz para uma região com "grande horizonte" de desenvolvimento.

Na entrevista aos jornais, Dilma foi questionada sobre uma possível desvalorização do real, uma preocupação de autoridades e empresários argentinos. Ela afirmou que, no Brasil, o câmbio não tem oscilado muito, mas disse que não é possível dar garantias. "Temos conseguido manter o dólar dentro de uma faixa de flutuação entre 1,6 e 1,7 real", afirmou. "Não tem havido nenhum derretimento."

A presidente lembrou que sua formação é de economista e, por isso, não poderia dar garantias de que não haverá desvalorização de uma moeda. "Creio que no mundo ninguém pode afirmar isso", afirmou, rindo. Ela propôs um debate envolvendo organismos internacionais e países em desenvolvimento sobre o tema.

Mulheres difíceis

Vista por políticos e empresários brasileiros como "gerente durona", Dilma foi descrita pelos jornais argentinos neste final de semana como uma senhora "controlada", porém "afetiva". A imagem de mulher "casca grossa" e antipática, ao menos em Buenos Aires, é reservada para a presidente Cristina. A viúva de Néstor Kirchner costuma ser ríspida e ficar na defensiva nas raras vezes em que é questionada por jornalistas.

Ela sempre está sob os holofotes agendados pela máquina de propaganda do governo. A vaidade de Cristina, dizem, sofreu duro golpe na semana passada, quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou uma viagem a América do Sul para março, incluindo apenas Brasil e Chile no roteiro.

A agenda do encontro das duas "presidentas", como Dilma e Cristina preferem ser chamadas, é recheada de temas requentados e velhos protocolos de intenções, como a parceria para construção de reator nuclear e hidrelétrica no Rio Paraná. Um assunto que pode render comentários, por outro lado, será o visual das duas mulheres que, no momento, estão solteiras. Tudo indica que a presidente argentina, adepta da saia curta, deve continuar vestindo preto pelo luto do marido até as próximas eleições. Já a brasileira prefere calças compridas e saias mais longas.

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