
O ano eleitoral começou com um dilema para a presidente Dilma Rousseff (PT). Na reforma ministerial, ela quer agregar o máximo possível de partidos na Esplanada para garantir apoio à sua reeleição e os preciosos minutos das demais siglas no horário eleitoral no rádio e na tevê. Por outro lado, tem de equacionar a briga dos partidos, de olho nos cargos com mais verba à disposição e, portanto, mais visibilidade eleitoral.
O principal partido aliado de sustentação ao governo, o PMDB, abriu a temporada de reivindicações para aumentar os recursos que controla. O partido tem a segunda maior bancada na Câmara e ameaça até abandonar o barco o que reduziria significativamente o horário eleitoral da candidata do PT à Presidência no rádio e na tevê.
A ofensiva do PMDB tem alvo: o Ministério da Integração Nacional ou a Secretaria dos Portos, hoje sob comando do PT e do Pros, respectivamente. As duas pastas têm um orçamento de R$ 10,6 bilhões para 2014 e garantem visibilidade nos estados.
Atualmente, sete partidos, além do PT, têm o comando de secretarias ou ministérios (veja o infográfico). Considerando-se o orçamento da União para este ano, o PT comanda hoje R$ 422,8 bilhões. O orçamento dos ministérios sob comando do PMDB chega a R$ 432,1 bilhões. Mas R$ 401,7 bilhões são a verba da Previdência, pasta que não investe em obras nem cuida de programas sociais ou seja, que não tem "visibilidade".
O PP ocupa o Ministério das Cidades, que tem um dos principais programas do governo o Minha Casa Minha Vida. O PDT tem o Ministério do Trabalho. O PCdoB está no Ministério dos Esportes no ano da Copa. O PRB, com grande influência sobre a bancada evangélica no Congresso, controla a Pesca. E o PR, a pasta dos Transportes.
Cobiçada pelo PMDB, a Secretaria dos Portos ficou nas mãos do Pros, que tem o poder político dos irmãos Ciro e Cid Gomes. Caso desaloje o Pros para agradar ao PMDB, Dilma terá de encontrar um novo posto de destaque para a sigla. Há grandes chances, no entanto, de o PT manter os "ministérios-chave", como Saúde, Educação, Integração Nacional e Desenvolvimento.
Horário eleitoral
Se os sete partidos com cadeira na Esplanada mantiveram o apoio a Dilma na campanha, ela terá cerca de 11 minutos no horário eleitoral. Com a reforma ministerial, o PT quer atrair mais apoios. E já projeta que Dilma terá mais da metade dos 25 minutos diários de propaganda. Sozinho, o PSDB do senador mineiro Aécio Neves tem 1 minuto e 40 segundos. Se atrair o DEM, o tempo chega a 2 minutos e 40 segundos. Por enquanto o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, atraiu apenas o apoio do PPS. A coligação teria 1 minutos e 30 segundos.
"O PT tem que segurar o PMDB, por isso o PMDB exige", afirma o mestre em Ciência Política Mário Sergio Lepre, professor da Universidade Estadual de Londrina. "Já está meio consolidado que o PT terá um caminhão de tempo no horário eleitoral. A oposição terá muitas dificuldades nesta eleição."



