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Atualizado em 15/02/05 às 22h28

O ex-diretor de Furnas Dimas Toledo voltou a negar nesta quarta-feira, durante depoimento na CPI dos Correios, que tenha envolvimento na elaboração de uma lista com supostas doações por caixa dois para campanhas eleitorais, afirmando que ela não passa de montagem. Dimas foi nomeado diretor de Furnas Centrais Elétricas no governo Fernando Henrique. Deixou o cargo no governo Lula em meio a suspeitas de ter operado o caixa dois.

Dimas foi acusado pelo lobista Nilton Monteiro, de ter elaborado uma lista de políticos, a maioria do PSDB e do PFL, que supostamente teriam recebido contribuições ilegais. O lobista entregou a lista à Polícia Federal (PF).

- No tocante à lista de Furnas, quero negar veementemente qualquer participação na sua elaboração. Trata-se de uma montagem ou uma falsificação cheia de não-conformidades, que visa apenas baixar o nome de empresas e pessoas ali nominadas. Afirmo que nunca ajudei financeiramente com recurso de qualquer empresa ou de qualquer origem a qualquer pessoa ali nominada - afirmou.

Segundo ele, várias empresas que constam na lista jamais trabalharam com a estatal. Dimas disse não conhecer Nilton Monteiro e que a primeira vez que viu uma foto dele foi na revista "Carta Capital".

Indagado sobre como o lobista teria tido informações sobre sua agenda, já que cita encontros em restaurantes de que teria participado com políticos e representantes de empresas envolvidas no suposto esquema de caixa dois, o ex-diretor de Furnas disse que ele pode ter conseguido os dados com pessoas que trabalhavam com ele em Furnas. Sobre a lista, reiterou:

- É totalmente absurda! - exclamou.

O ex-diretor de Furnas disse também que visitou o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), uma única vez, na noite de 13 para 14 de abril do ano passado. Dimas disse foi à casa de Jefferson tentar convencê-lo a não indicar uma pessoa estranha ao quadro de Furnas para a estatal, mas negou que tenha feito qualquer tipo de proposta ao então presidente do PTB para mantê-lo no cargo. O ex-diretor também negou que tenha entregue R$ 75 mil a Jefferson, como consta na lista que traz o nome de 156 políticos aliados do governo passado que teriam sido beneficiados.

- Visitei a casa dele com o único objetivo de que a substituição fosse feita por um funcionário da casa (...) Ele faltou com a verdade, infelizmente - afirmou Dimas Toledo sobre as declarações de Jefferson de que recebeu recursos por caixa 2 da estatal intermediados por Dimas.

Questionado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), Dimas disse que concordaria se a Polícia Federal ou a comissão quisessem promover acareação entre ele e Jefferson.

O ex-diretor de Furnas fez um histórico de sua carreira, disse que é um homem simples e mora há 25 anos no mesmo apartamento na Barra da Tijuca, no Rio, vivendo "sem qualquer extravagância".

Um pouco antes do início do depoimento, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), pediu a palavra e enumerou uma série de processos movidos contra Nilton Monteiro. Embora frisando que não queria desqualificar o lobista, Virgílio disse que ele é acusado de forjar documentos pelos autores das ações e que tem um histórico de falsificações.

- É uma marca na vida dele essa história de 'cadê os originais'. Qualquer dia ele faz um recibo com meu nome - ironizou

O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu na terça-feira liminar em hábeas-corpus ao ex-diretor da estatal dando-lhe o direito de manter-se em silêncio, se quiser, diante das perguntas dos parlamentares. O ex-dirigente de Furnas disse que, apesar do hábeas-corpus que lhe garante o direito de ficar calado, pretendia esclarecer o que for preciso na CPI.

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