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Adriano Codato, doutor em Ciência Política e professor da UFPR | Pedro Serápio/Gazeta do Povo/Arquivo
Adriano Codato, doutor em Ciência Política e professor da UFPR| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo/Arquivo

Um estudo realizado por cientistas políticos do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que a direita está deixando de ser maioria no Nordeste do país. Os pesquisadores analisaram o perfil dos deputados federais eleitos entre os anos de 1945 e 2010.

"A direita está saindo do Nordeste", afirma o doutor em Ciência Política e professor da UFPR Adriano Codato. "A direita do Nordeste tem o ponto alto em 1945 e entre 1974 e 1986. Depois, vai caindo."

A pesquisa mostra que as regiões Sul e Sudeste do Brasil são as que menos elegeram representantes considerados de direita para a Câmara dos Deputados entre 1945 e 2010. Em ambos os casos, apenas 41% dos parlamentares eleitos eram de direita. A região Nordeste aparece como maior eleitora de parlamentares de direita no período – 53% dos eleitos —, mas a proporção vem caindo desde 1986, indica o levantamento.

Enquanto a direita vem perdendo espaço no Nordeste, os partidos de esquerda e de centro disputam a preferência do eleitorado. Em 1986, o número de deputados federais de esquerda eleitos pela região superou o número de parlamentares de direita escolhidos.

Equilíbrio

De acordo com o estudo, em 2006 a direita chegou ao patamar mais baixo de ocupação da Câmara, mas voltou a crescer em 2010. Segundo Codato, a tendência é de equilíbrio. "Eu acho que [a direita] deve continuar crescendo e se equilibrar com a esquerda", afirma o professor. "2006 foi o ano da reeleição do Lula, é o ano do auge do PT no poder."

Codato cita o desgaste do PT como um dos motivos para o crescimento da direita no país. "Doze anos no poder provoca desgaste e essa campanha contra o PT também provoca desgaste", diz. "Vai se formando no Brasil uma cultura política de direita que não é mais envergonhada. As pessoas estão se assumindo na direita e votando nesses partidos."

Acesso difícil

O estudo também aponta que, depois de 1966, a idade média dos deputados federais eleitos começou a crescer e não parou mais. Até 2006, os eleitos com idade entre 40 e 50 anos eram maioria na Câmara: 33,5%. Já em 2010, os parlamentares de 51 a 60 anos eram maioria na Casa: 34%. Os jovens políticos, com até 30 anos, sempre foram minoria no parlamento: nunca ultrapassaram a marca de 4% dos parlamentares.

"É reflexo da dificuldade dos jovens de entrar na política porque ela é profissional e cara", afirma Codato. "Precisa ser profissional, ter dinheiro e estrutura."

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