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Alberto Youssef, delator da Lava Jato e que participou de acareação com Paulo Roberto Costa. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Alberto Youssef, delator da Lava Jato e que participou de acareação com Paulo Roberto Costa.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

As possíveis contradições encontradas entre depoimentos de delatores da Operação Lava Jato podem colocar em xeque o rumo das investigações. Apesar de a força-tarefa que apura o esquema de corrupção na Petrobras afirmar que não há elementos para quebrar qualquer um dos 35 acordos de cooperação, a possibilidade de que isso aconteça tem gerado dor de cabeça aos policiais federais e procuradores.

INFOGRÁFICO: Os detalhes das contradições entre Fernando Baiano e Paulo Roberto Costa

Até então, foram feitas duas acareações no âmbito da Operação: uma entre o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef – de conteúdo sigiloso –, e outra entre Costa e o operador Fernando Baiano, que ocorreu na última semana. Nas ocasiões, a maior parte dos pontos contraditórios foram mantidos pelos delatores.

A possibilidade de um dos colaboradores ter mentido nos depoimentos tem armado as defesas de outros investigados. Na última semana, durante depoimento de Costa na Justiça Federal, defensores de réus da empreiteira Andrade Gutierrez exploraram a fundo as possíveis contradições nos depoimentos do delator.

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Conforme os advogados, entre uma declaração e outra, o ex-diretor mudou as versões que apontam a participação da empresa no esquema. “O senhor presta dois depoimentos dizendo a mesma coisa e vem para a interrogatório e diz outra”, alegou a defesa de um dos investigados, citando declarações de Costa em regime de delação premiada e na acareação com Fernando Baiano em contraposição ao dito durante a audiência.

Outros pontos da colaboração de Costa foram questionados na sessão da semana passada, como a falta de registros de reuniões do então representante da Petrobras com o diretor da Andrade Gutierrez, Elton Negrão, e possíveis valores conflitantes de recebimento de propina de Costa por Alberto Youssef. “Fora a sua palavra, o senhor tem alguma prova?”, perguntou um dos defensores durante a audiência. A resposta foi não.

Procedimento natural

Para as defesas de delatores, no entanto, as acareações e contradições são tidas como naturais. “Não acho que as divergências devam ser interpretadas como sinal de mentira, passível de rescisão do acordo. É natural que as divergências se apresentem, não só pelo contexto da operação, mas pela complexidade do feito”, diz o advogado Cássio Quirino, que atende Costa.

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Já Figueiredo Basto, defensor de Alberto Youssef, diz acreditar que é “muito cedo” para se falar em quebra de acordo. Segundo ele, é difícil que isso aconteça, já que as delações, por si só, não são consideradas provas, mas apenas meios para chegar a elas. “Estamos acostumados com a contradição, mas a colaboração só deve ser invalidada se provada a má-fé do sujeito”, diz.

Procurado, o advogado Sergio Riera, que atua com Fernando Baiano, disse que não há “nenhuma” possibilidade de quebra de acordo, já que seu cliente “está dizendo a verdade”. O delegado da Polícia Federal Marcio Anselmo, que integra a força-tarefa da Lava Jato, também alegou que, por enquanto, não há possibilidade de invalidação de delações. “Se alguém mentiu deliberadamente, o acordo pode ser quebrado”.

Procurado, um dos defensores da Andrade Gutierrez não retornou o contato, assim como a assessoria do Ministério Público Federal.

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