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Veja quem são os principais vices da campanha presidencial e para o governo do estado |
Veja quem são os principais vices da campanha presidencial e para o governo do estado| Foto:

"Vou ter um papel ativo" - Flávio Arns (PSDB), senador e candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Beto Richa.

Por que migrar da carreira parlamentar para o Executivo?

Eu gosto muito da carreira do Legislativo e sempre falei isso. Mas acho importante também desenvolver trabalhos no Exe­cutivo. Antes da minha escolha como vice do Beto Richa, fizemos um grande debate no sentido da união do Paraná, de diálogo com todos os setores. Queremos colocar na realidade muitas coisas que estão nas nossas legislações, propostas inovadoras para o estado. É uma ótica de execução, de mãos à obra. Começo uma empreitada diferente.

Como pretende se comportar durante a campanha?

Vou ter um papel ativo. Trabalharei junto ao Beto Richa e sob a coordenação dele. Ele tem o perfil de quem quer a participação de todos, disposto a descentralizar e que gosta do trabalho em conjunto. Quero somar toda a relação que eu tenho, particularmente junto a setores sociais como a igreja, os idosos, as pessoas com deficiência.

Que tipo de vice pretende ser caso eleito?

Quero desenvolver um papel de articulação com a área social. Não penso em acumular o trabalho de uma secretaria, mas em coordenar alguns temas entre secretarias. Tenho interesse especial em três áreas: social, econômica e ambiental. O que o Paraná precisa é de um trabalho consistente para conectar esses esforços.

Como avalia o vice do principal adversário?

Gosto muito dele, da família, sempre tivemos um relacionamento muito positivo. É uma pessoa que, independentemente de ser vice de outra chapa, vem contribuindo e ainda pode contribuir mais para o estado. (AG)

"Vou ajudar na relação com brasília" - Rodrigo Rocha Loures (PMDB), deputado federal e candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Osmar Dias (PDT).

Por que migrar da carreira parlamentar para o Executivo?

Eu me sinto atraído pela possibilidade de realizar mais coisas no Executivo. Como tenho formação de administrador, acho que tenho esse perfil. Além disso, meu mandato na Câmara foi voltado para as áreas de educação e economia e também acho que acumulei conhecimento para aplicar nessas áreas. O momento que o país vive favorece o desenvolvimento econômico. Mas é preciso que haja planejamento e pessoas capacitadas para desenvolvê-lo.

Como pretende se comportar durante a campanha?

Em primeiro lugar eu vou seguir as orientações do Osmar. Da minha parte, vou trabalhar para garantir a unidade do PMDB e me dedicar ao diálogo com a região metropolitana de Curitiba, que é a minha principal base eleitoral. Também vou intensificar a aproximação com o setor produtivo. Acho que posso ser um complemento ao Osmar, que tem uma ótima relação com o agronegócio.

Que tipo de vice pretende ser caso eleito?

Quero apoiar a administração do governador Osmar Dias e ajudar na relação com o governo federal. Quero acreditar que o PMDB também vai eleger o vice-presidente (Michel Temer), com quem eu tenho um contato bastante próximo. Hoje eu posso dizer que meu ponto forte é a articulação política em Brasília. Tenho segurança para fazer essa interlocução entre o governo do estado e o federal.

Como avalia o vice do principal adversário?

É um ótimo nome, meu amigo, com um reconhecido trabalho no campo social. O senador Flávio Arns eleva a qualidade da sua chapa. É um nome importante, que merece todo meu respeito. (AG)

  • Despedida do cargo: o atual vice-presidente, José Alencar, foi escolhido por Lula quando ocupava vaga no Senado

Brasília - "Sabem qual a diferença entre entrar para o Senado ou para o céu? No Senado, você entra ainda vivo." A piada, comum em Brasília, foi recontada pelo presidente Lula em março durante a cerimônia de despedida de dez ministros que deixavam os cargos para disputar as eleições. Ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ele ainda brincou outras vezes, sempre dizendo que o trabalho no Poder Executivo é bem mais duro do que no Legislativo.

Há razões para a gozação de Lula, mas também é fato que a disputa eleitoral deste ano será marcada por políticos que usam a trajetória parlamentar para migrar para o governo. Tanto no cenário nacional quanto no paranaense, os vices das principais chapas são congressistas. As performances legislativas de cada um, entretanto, são bem diferentes.

Na campanha presidencial, Dilma Rousseff (PT) concorre ao lado de Temer, que está no terceiro mandato como presidente da Câmara e também preside o maior partido do Brasil. José Serra (PSDB) conta com Índio da Costa (DEM-RJ), deputado calouro que foi vereador do Rio de Janeiro por três mandatos.

No pleito paranaense, Beto Richa (PSDB) escolheu o senador tucano Flávio Arns, que também já foi deputado federal. Assim como Serra, Osmar Dias (PDT) tem um vice com pouca experiência e que cumpre o primeiro mandato na Câmara, Rodrigo Rocha Loures (PMDB).

O quadro em 2006 foi parecido no cenário nacional. Os dois principais candidatos à Presidência buscaram seus vices no Congresso: o senador José Jorge (PFL) compôs com Geraldo Alckmin (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve a dobradinha vitoriosa de 2002 com o senador e empresário José Alencar (PRB). No Paraná, foi diferente. Roberto Requião (PMDB) manteve como vice o deputado estadual Orlando Pessuti (PMDB). Osmar Dias (PDT) tinha como vice Derli Donin, ex-prefeito de Toledo.

Desempenhos

De acordo com levantamento da organização Transparência Brasil, os quatro tiveram boas performances na apresentação de propostas na atual legislatura (os dados são referentes ao período entre fevereiro de 2007 e 29 de junho de 2010). O estudo mostra que todos apresentaram mais sugestões consideradas relevantes do que irrelevantes.

Os novatos Índio da Costa e Rocha Loures tiveram um aproveitamento idêntico – cada um teve 93,8% de proposições consideradas relevantes e 6,2% irrelevantes. Foram contabilizados, ao todo, 32 projetos do democrata e 16 do peemedebista.

Atarefado com a presidência da Casa, Temer sugeriu apenas quatro projetos, três deles considerados relevantes (75%) e um irrelevante (25%). No Senado, a Transparência Brasil contabilizou 92 projetos de Arns, 44 sem relevância (47,8%) e 48 relevantes (52,2%).

Dos quatro, apenas Temer está na seleção dos 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional em 2010, feita pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Nenhum dos outros esteve presente em qualquer das 16 avaliações anuais anteriores – apenas Temer.

"É indiscutível que o Temer tem uma carreira parlamentar sólida, muito mais consistente que a do Índio da Costa", diz o diretor do Diap, Antonio Augusto de Queiroz. Segundo ele, nem o principal trunfo do vice de Serra, a relatoria do projeto Ficha Limpa, pode ser contabilizada apenas a ele. "O Índio da Costa foi um dos relatores, mas talvez o mais importante deles tenha sido o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que nem irá se candidatar à reeleição."

Sobre Arns e Rocha Loures, Queiroz avalia que ambos têm performances parlamentares medianas. Arns teve destaque como presidente da Comissão de Eduação do Senado, entre 2008 e 2009, mas teve de deixar o cargo porque trocou o PT pelo PSDB em agosto do ano passado (pela distribuição representativa de cargos do Senado, a vaga precisava ser ocupada por um petista).

Rocha Loures e Índio da Costa nunca presidiram uma comissão permanente. O peemedebista, contudo, participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, em 2007, e o democrata, da CPI mista dos Cartões Corporativos, em 2008. Rocha Loures também é o relator do Código Brasileiro de Aeronáutica.

Comparações

O cientista político da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Francisco Fonseca, explica que o recrutamento de vices entre parlamentares é uma prova da primazia do Executivo sobre o Legislativo no Brasil. "Qualquer político brasileiro mira a própria carreira fazendo uma projeção de futuro para o Executivo. No Parlamento, o poder e o voto são muito fragmentados", explica.

Fonseca ressalta que essa não é uma característica restrita ao Brasil. Nos Estados Unidos, o vice de Barack Obama, Joe Biden, também era senador. "Normal­mente se escolhe algum vice do Congresso porque ele é uma figura famosa, um puxador de votos. Mas não foi bem isso que motivou a escolha do Temer e do Índio da Costa."

Para o cientista político Renato Perissinotto, da UFPR, à exceção de Arns, todos os vices foram escolhi­­dos dentro da proposta de um go­­ver­­no de coalizão. "São nomes ­­que representam acordos com os par­­tidos aliados dentro de um critério de representatividade no parlamento. É, na verdade, uma maneira de manter a governabilidade."

Perissinotto também diz que não vê possibilidades de um grande debate de ideias entre os vices, tanto no plano nacional quanto no estadual. Segundo ele, valerá a regra de que vice não dá voto. Mas pode tirar.

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