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As opções políticas do PSD e demais partidos que estão em governos e que disputam votos a cada dois anos não deveriam mais surpreender ninguém. É preciso separar ações partidárias por princípios ideológicos de ações partidárias por princípios instrumentais. Uma não é melhor nem pior do que a outra. Elas não são comparáveis por estarem em dimensões diferentes. Portanto, é um equívoco por origem analisar determinadas ações partidárias por critérios e valores próprios de outra dimensão. O PSD é um partido fundamentado nas personalidades e interesses mais imediatos de seus líderes. Foi assim desde o início, em 2011, quando seu principal mentor, o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, respondendo a jornalistas, disse que o partido não era nem de direita, nem de esquerda. Simplesmente não tinha ideologia. O que ele quis dizer foi: não queiram posicionar o PSD em nenhum ponto do espectro ideológico. Ele não foi criado pensando nessa dimensão.

O PSD surgiu em 2011 para oferecer uma legenda aos políticos que pretendiam integrar a base do governo do PSDB em São Paulo e, ao mesmo tempo, a base do governo federal do PT. Em 2014 será assim: candidatos a deputado estadual do PSD de São Paulo farão campanha para o candidato ao governo do PSDB e concorrentes a deputado federal estarão na campanha para que o PT continue governando o Brasil. Já é assim hoje, com o PSD apoiando o governo Dilma em Brasília e Alckmin em São Paulo. Não restam dúvidas de que o PSD é uma consequência da lei de fidelidade partidária. Se os parlamentares não corressem o risco de perder o mandato se trocassem de partido, a sigla não existiria. Como resultado de uma "brecha" na legislação da fidelidade partidária, o PSD não pode ter sua coerência programática cobrada.

A falta de coerência programática e postura ideológica das lideranças do PSD não significa uma inexistência de limites no perfil de representados pelo partido. A origem de seus candidatos e a distribuição de votos no PSD em 2012 deixa claro que a sigla representa uma parte do eleitorado que é politicamente conservadora e socialmente dependente de relações com estruturas estatais. Se Dilma Rousseff conseguir manter a cúpula do PSD aliada ao seu governo, em 2014 terá melhores condições para ganhar os votos dos "rincões" do interior do Brasil, além de reduzir as barreiras em setores conservadores da sociedade – onde o PT historicamente não consegue votes. O PSD funcionará eleitoralmente para o PT em 2014, assim como o DEM já funcionou para o PSDB em outras eleições. E, assim como os tucanos no governo, os petistas oferecem cargos e ministérios em troca de apoio político/eleitoral. Ou seja, se os líderes do PSD não demonstram ter fortes bases ideológicas, o que explica o comportamento deles são as bases sociais que alegam ter.

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