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Eleições

Doadores de Garotinho têm conexão com estado

Sócios de duas empresas que teriam feito doações à pré-campanha do ex-governador Anthony Garotinho são associados a uma terceira empresa, a Pró-Service Consultoria e Cooperativa de Serviços Ltda. Nildo Jorge Nogueira Raja, sócio da Inconsul Informática e Consultoria de Projetos, e Marcos André Coutinho, da Emprin Empresa de Projetos de Informática, constam, na Junta Comercial do Rio de Janeiro, como associados da cooperativa. Mais uma coincidência: a Pró-Service funciona no mesmo endereço de um dos sócios da empresa Virtual Line, também doadora, Luiz Antonio Motta Roncoli. Pelo menos uma das empresas usa laranjas. O Ministério Público Federal pediu ontem que a Polícia Federal investigue as empresas sob suspeita.

A Pró-Service não é uma empresa desconhecida do governo do estado. Ela consta do cadastro do Sistema de Informação de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), no qual estão reunidos todos os fornecedores do estado. O próprio Siafem registra que a Pró-Service é credora do governo do estado, mas não há especificação de valor de contratos. Apenas um empenho, localizado em 2001, mostra que a cooperativa forneceu mão-de-obra para serviços de informática na Procuradoria Geral de Justiça no valor de R$ 6.900.

Garotinho diz que devolverá dinheiro

Há ainda outra coincidência ligando a Pro Service aos doadores de Garotinho. O diretor-presidente da cooperativa, segundo a Junta Comercial do Rio, é Pedro Augusto Motta Roncoli, que tem o mesmo sobrenome de Luiz Antônio Motta Roncoli, que diz ser sócio majoritário da Virtual Line. Na Virtual Line, Luiz Antônio tem como sócio um ex-motorista que admite ser laranja. Antes, seu sócio era um assaltante que está condenado e preso. Pedro Augusto não foi encontrado ontem para comentar o caso.

Ontem, dois dias depois de O GLOBO iniciar uma série de reportagens sobre irregularidades nas empresas que teriam doado no total R$ 650 mil à pré-campanha de Garotinho, mostrando que elas funcionam em endereços de fachada, o ex-governador anunciou que vai devolver o dinheiro arrecadado. Ao todo, quatro empresas — Inconsul Informática e Consultoria de Projetos Ltda, Virtual Line Projetos e Consultoria de Informática Ltda, Emprin Empresa de Projetos de Informática Ltda e a Teldata Telecomunicações e Sistema Ltda — teriam feito a doação.

Contador também é o mesmo

A nota oficial diz que a decisão foi tomada "diante do noticiário a respeito das empresas que colaboraram com a Comissão Arrecadadora do PMDB, mesmo não havendo nenhuma irregularidade do ponto de vista legal no momento da doação, já que os depósitos foram feitos em cheques nominais ao partido e em conta específica, com certidões da Receita Federal e Estadual, CNPJ, Previdenciária". Na nota, Garotinho afirma ainda: "Em respeito ao povo brasileiro, as contas de recebimento e gastos foram disponibilizadas na internet para qualquer cidadão. Assim, ao tomar conhecimento da conduta ética e fiscal dos referidos doadores, determino a Comissão Arrecadadora do PMDB providenciar o mais rápido possível a devolução dos recursos às referidas empresas".

A medida teria sido tomada para contornar a crise aberta desde que foi revelado que as empresas doadoras tinham endereços de fachada. O anúncio foi feito após uma reunião ontem, a portas fechadas, no PMDB. Apesar de ter decidido pela devolução dos recursos, Garotinho não explicou na nota oficial como será feito o processo, uma vez que o próprio contador das três empresas do Rio, Renato Ferreira, afirma desconhecer a existência das doações. Há um suposto doador preso, outro diz laranja, outros deram endereços também de fachada.

Procurado ontem, Renato Ferreira revelou que também é contador da Pró-Service. Ele disse que não sabe se a empresa é fornecedora do estado porque só tinha em mãos o balanço do ano passado. Mas voltou a afirmar que todas as empresas estão em situação regular porque pagam todos os impostos. Renato reafirmou que só ficou sabendo das doações pela imprensa:

— A Pró-Service tem uma lista enorme de clientes, mas infelizmente eu não posso revelar os nomes por uma questão de sigilo profissional — disse o contador, que responde pela contabilidade das três doadoras do Rio, Virtual Line, Inconsul e Emprin.

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