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Veja o vídeo dos ex-candidatos recebendo dinheiro das mãos de Alexandre Gardolinski, coordenador do comitê pró-Beto

Documentos entregues à Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná sugerem que o secretário da Administração de Curitiba, José Richa Filho, irmão do prefeito Beto Richa, sabia que a coordenação eleitoral do PSDB repassou dinheiro para o comitê de dissidentes do PRTB. Os dissidentes trabalharam na campanha tucana do ano passado. O material foi protocolado na procuradoria pelo ex-servidor municipal Rodrigo Oriente, que trabalhou no Comitê Lealdade, formado pelos dissidentes do PRTB. A procuradoria já abriu uma investigação para apurar o caso.

A documentação ainda indica que Richa Filho teria recebido uma prestação de contas interna dos gastos do comitê de dissidentes que trabalharam na campanha de reeleição do prefeito. Ao menos parte dessas despesas, segundo levantamento da reportagem feito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não constam da prestação de contas de Beto Richa à Justiça Eleitoral, o que pode caracterizar caixa 2.

Rodrigo Oriente também entregou à procuradoria documentos que revelariam que o coordenador-geral da campanha de Beto, Euclides Scalco, participou de uma reunião em que foi decidido o orçamento de despesas para o "funcionamento do comitê (Lealdade) e o incentivo para que os candidatos (dissidentes do PRTB) desistissem da candidatura".

Segundo o documento, nessa reunião com Scalco teria sido decidido que o orçamento seria de R$ 136.000, sendo R$ 10.000 para despesas gerais, R$ 30.000 para eventos, R$ 32.000 para combustível, R$ 8.000 para locação de veículos e R$ 56.000 para "ajuda financeira aos ex-candidatos".

Chama a atenção os últimos R$ 56.000 destinados aos candidatos desistentes. No total, 35 ex-integrantes do PRTB desistiram de se candidatar no ano passado. E o vídeo que trouxe o caso a público mostra justamente parte dos desistentes recebendo a segunda parcela de um valor total de R$ 1.600. Se cada um dos 35 desistentes efetivamente tiver recebido R$ 1.600, o valor total gasto seria exatamente os R$ 56.000 que aparecem no documento.

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A documentação entregue na procuradoria também aponta que, em uma reunião com Richa Filho, ficou estabelecido um cronograma de repasses para o Comitê Lealdade: R$ 25.000 em 14 de agosto de 2008; R$ 10.000 em 30 de agosto; R$ 25.000 em 11 de setembro; R$ 20.000 em 13 de setembro; R$ 10.000 em 22 de setembro; além de vales combustível pagos semalmente no valor de R$ 32.000. Os documentos mostram que, ao final da prestação de contas, o Comitê Lealdade gastou R$ 2.139,64 a mais que o orçamento previsto.

Toda a documentação foi protocolada anteontem por Rodrigo Oriente na procuradoria. Na ocasião, Oriente também prestou depoimento e reafirmou as acusações contra Richa Filho.

A prestação de contas dos gastos dos dissidentes do PRTB na campanha, segundo os documentos e o depoimento, foi elaborada por Alexandre Gardolinksi, que na época da eleição era coordenador do Comitê Lealdade e que ocupava o cargo de gestor da Secretaria Municipal do Trabalho até a última quinta-feira, quando foi demitido devido ao escândalo.

Gardolinski, segundo a acusação, teria sido quem informou Richa Filho sobre as despesas detalhadas feitas pelos dissidentes com dinheiro tucano. Na ocasião, Richa Filho era um dos coordenadores da campanha do irmão. No depoimento na procuradoria, Oriente afirmou que Gardolinski "produziu e mencionou ter entregue ao Sr. Carlos Alberto Richa e José Richa Filho a prestação de contas contendo a arrecadação e gastos do Comitê Lealdade". "A decisão de contabilizar ou não estes recursos teria ficado a cargo do candidato e seu coordenador de campanha", diz Oriente em um trecho do depoimento de nove páginas ao qual a reportagem teve acesso, juntamente com os documentos.

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