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O doleiro Antônio de Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, como já havia antecipado seu advogado, não abriu totalmente o jogo nesta terça-feira para os 16 parlamentares da CPI dos Correios que foram ouvi-lo na capital paulista. Mas citou sua relação com parlamentares e dirigentes do PT, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Toninho da Barcelona já havia dito para a família que mandou dinheiro do PT para contas em paraísos fiscais. Rui Vicentini, tesoureiro afastado do PPS, ficou preso na mesma carceragem que Toninho. Segundo a Polícia Federal, ele é acusado de estelionato e evasão de divisas e diz o que teria ouvido do próprio doleiro.

- Ele dizia que tinha uma amizade muito antiga e que operava câmbio para o PT desde 1998, em 2000, 2001, com o pessoal de Santo André. E ele dizia que se abrisse a boca para dizer alguma coisa, morria - contou Vicentini.

Em frente aos deputados da CPI, Toninho da Barcelona recebeu instruções do advogado e chorou. No depoimento o doleiro apostou forte no jogo de trocar informações por benefícios jurídicos. Não apresentou uma só prova. Mas jogou no ar diversas acusações contra altos dirigentes do atual do governo, contra Dirceu, contra ex-dirigentes do PT e contra parlamentares. Acusações que ele disse que pode provar ou, pelo menos, indicar o caminho das provas.

- Eu perguntei especificamente: 'O senhor confirma, ou não confirma que o ministro Márcio Thomaz Bastos enviou recursos pro exterior?'. Ele confirmou e disse que terá como dar mais detalhes na CPI. Eu perguntei especificamente se ele tinha como confirmar, ou não, que o deputado Mentor (PT-SP) enviou recurso para o exterior. Ele disse que o deputado Mentor fez troca de numerário em dólar por recursos em moeda nacional. Ele teria também como confirmar operações feitas pelo senhor Delúbio Soares - contou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

Sobre Dirceu, o doleiro disse:

- José Dirceu no momento oportuno... Poderei dar detalhes procedidos através da Bônus Banval.

- O senhor tem detalhes para informar então, da operação que o Sr. José Dirceu... - interrompeu Paes.

- Da ligação entre ele e a Bônus Banval - repetiu Toninho.

- O senhor terá como informar, por exemplo, o momento que isso aconteceu, se foi como coordenador da campanha ou no tempo do prefeito Celso Daniel de Santo André? - retrucou o deputado.

- Não, não, foi em tempo mais atual, senhor.

- Em tempo mais atual, mais recente, já como ministro de estado?

- Ah, talvez antes, talvez como coordenador da campanha, já.

Toninho da Barcelona também falou do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

- Ele diz que o presidente do Banco Central fez operações irregulares e que teria sido negociado que essas operações não fossem colocadas em público - disse o senador Demóstenes Torres (PFL-GO).

Dono de uma casa de câmbio, Toninho da Barcelona já foi considerado um dos maiores doleiros do Brasil. Preso em Avaré, por evasão de divisas, ele viajou mais de uma hora até São Paulo. Desembarcou com colete à prova de balas e seguiu escoltado até a Delegacia Geral para o encontro com os deputados.

- Se ele tiver provas ou efetivamente como comprovar são efetivamente coisas muito graves - disse a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Thomaz Bastos

O Ministério da Justiça informou que a movimentação do ministro Márcio Thomaz Bastos pode ser comprovada por meio de sua declaração de Imposto de Renda. Segundo a nota, o ministro usou serviços do Unibanco para fazer aplicações no exterior em 1995 - registradas no Banco Central. A nota informa que, em 2002, o ministro trouxe as aplicações de volta ao Brasil - e pagou um R$ 1 milhão em impostos. A assessoria declarou que, ao assumir o ministério, Thomaz Bastos passou a administração dos bens para uma instituição financeira e se desfez da cota de seu escritório de advocacia - numa operação aprovada pela Comissão de Ética Pública. O ministro informou ainda que não conhece o doleiro Toninho da Barcelona e nunca fez operações com a ajuda dele.

Dirceu declarou que nunca teve nenhum tipo de relacionamento com Toninho da Barcelona e que nunca mandou dólares para o exterior. Segundo o deputado, o doleiro está se aproveitando dele para tentar obter benefícios da Justiça brasileira.

Meirelles disse por meio de sua assessoria que nunca fez remessa ilegal para o exterior. Na saída do depoimento, Toninho da Barcelona disse aos repórteres que o presidente do Banco Central é uma pessoa idônea.

O deputado José Mentor, também citado no depoimento, disse que nunca comprou dólares de Toninho da Barcelona.

A Bônus Banval, citada por Toninho da Barcelona, é uma corretora que está sendo investigada por envolvimento no esquema do mensalão.

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