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Caso Cachoeira

Dono da Delta fala em subornar políticos

Em gravações feitas em 2009, o empresário Fernando Cavendish afirma que são necessários milhões para a empresa ser convidada para tocar obras

Bruno Araújo (PSDB-PE): declarações são graves | Leonardo Prado/Ag. Câmara
Bruno Araújo (PSDB-PE): declarações são graves (Foto: Leonardo Prado/Ag. Câmara)

Citada no escândalo que envolve as relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a empresa Delta Construções apareceu em nova gravação, que não consta no inquérito da Polícia Federal, mas comprometedora. Num áudio divulgado no site "Quid Novi", o dono da construtora, o empresário Fernando Cavendish, fala dos milhões necessários para se ter as portas abertas pelos políticos. O PSDB já anunciou que vai tentar ouvir Cavendish na CPI do Cachoeira, assim que ela for instalada. Também vai pedir a quebra dos sigilos fiscal e telefônico do empresário (leia mais ao lado).

O site é do jornalista Mino Pedrosa, que já prestou serviços para Cachoeira. Ele disse que já fez trabalho de consultoria para o laboratório farmacêutico Vitapan, de propriedade do bicheiro. Segundo a Polícia Federal, que prendeu Cachoeira em fevereiro durante a operação Monte Carlo, a Delta transferiu dinheiro para empresas de fachada controladas pelo bicheiro.

As declarações de Caven­­­dish foram dadas durante reunião de diretores da Delta e da empresa Sygma, que estavam desfazendo uma sociedade. O jornalista diz que o áudio foi gravado por um dos presentes, em dezembro de 2009.

"Se eu botar 30 milhões na mão de um político, eu sou convidado para coisa para c*. Pode ter certeza disso. Te garanto", diz Cavendish na gravação. "Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado [para tocar obras]", afirma mais à frente.

Nota

Em nota enviada ao site "Quid Novi", a Delta alega que a gravação é clandestina e que o trecho divulgado foi editado. Na conversa, os controladores das empresas Delta e Sygma discutiam os termos de uma dissociação. "Um dos antigos proprietários da Sygma, que estão sendo processados pelos controladores da Delta Construção, gravou a longa discussão e pinçou aquele trecho a fim de promover chantagens negociais contra a empresa", diz a nota.

Em resposta, Mino Pedrosa afirma que o trecho divulgado "fala por si" e que a gravação não é clandestina, por ter sido feita por um dos dire­­tores presentes na reunião. Pedrosa ainda oferece a íntegra do áudio à Justiça para provar que não são meras bravatas. Segundo Pedrosa, o rompimento das empresas seria por conta do pagamento de consultoria política ao ex-ministro e ex-deputado José Dirceu.

Análise da Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que, entre 2007 e 2010, foram constatadas irregularidades em pelo menos 60 contratos celebrados entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Delta Construções. Ao todo, esses contratos somam R$ 632,3 milhões.

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