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O presidente da seguradora Interbrazil, André Marques da Silva, confirmou nesta quinta-feira, em depoimento na CPI dos Correios, que o faturamento da sua empresa saltou de R$ 28 milhões em 2000 para cerca de R$ 64 milhões em 2002. A atuação da empresa se limitava a repassar o risco dos seguros contratados para o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) ou para resseguradoras internacionais.

Questionado pelo relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o empresário admitiu que ganhou R$ 2,8 milhões por um contrato de um ano com a Companhia Energética de Goiás (Celg), mas que foi rescindido no segundo mês sem que tenha sido contratada nenhuma resseguradora. Serraglio disse que a operação foi irregular, pois a empresa pública "não poderia adiantar pagamentos por um serviço que não foi prestado".

Sobre a origem de seus contratos, o empresário informou que 70% do faturamento da Intebrazil são provenientes de seguros facultativos contratados por empresas de ônibus. Ele disse ainda que, na intermediação do resseguro para as usinas Angra 1 e Angra 2, a Interbrazil ganhou apenas R$ 500 mil.

André Marques criticou a decisão da CPI de levá-lo à força, com apoio da Polícia Federal, ao depoimento. Segundo ele, a ausência na reunião de quarta-feira, em que seria ouvido, ocorreu apenas porque recebeu a intimação tardiamente. O depoente também reclamou da atuação da PF, que, segundo ele, abusou da força.

- Eu pensei que nos encontrávamos em regime de exceção. Um grande contigente da Polícia Federal sitiou a casa dos meus pais, onde moro atualmente, causando-lhes constrangimento - disse.

Segundo denúncias veiculadas pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo, a Interbrazil pagava dívidas de campanha do PT para ter informações privilegiadas e conseguir contratos com o governo. André Marques admitiu que contribuiu com dinheiro de caixa 2 para a campanha do PT de Goiás. A Interbrazil está sendo investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

Ainda segundo o "Jornal Nacional", a empresa nunca teve tradição no mercado, mas mesmo assim conseguiu grandes clientes no governo Lula e fechou contratos de R$ 4,6 bilhões com várias estatais. Em 2004, a empresa começou a ter problemas financeiros, depois de faturar R$ 62 milhões.

As investigações apontam para a existência de fraudes, mas só em agosto a Superintendência de Seguros Privados (Susep) decretou a liquidação da empresa. Há suspeitas de que tenha havido favorecimento à Interbrazil por causa da relação da seguradora com o PT goiano e com Adhemar Palocci, que é irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

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