
O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), entregou ontem ao Ministério Público Estadual (MP) cópias de declarações de Imposto de Renda dele, de familiares e de contratos sociais da empresa Roda Viva, da qual é sócio. O prefeito alega que esses documentos provam sua inocência diante das suspeitas de enriquecimento ilícito levantadas por reportagem da revista Veja. O MP vai averiguar a evolução patrimonial do prefeito e deve concluir a apuração em até 30 dias.
Em reportagem publicada na edição desta semana, a Veja afirma que o patrimônio de Ducci e de sua esposa, Marry Dal Prá Ducci, saltou de pouco mais de R$ 1 milhão, em 2008, para mais de R$ 30 milhões em 2012. Entre os bens listados pela revista estão um apartamento de R$ 5 milhões no Batel, duas fazendas no Mato Grosso e mais de cem cabeças de gado. A reportagem diz também que um suposto capataz de uma das fazendas, Cícero Paulino, trabalhou na prefeitura de Curitiba e ganhou R$ 6 mil, mesmo morando em outro estado.
"Aloprados"
Ducci disse que as denúncias foram repassadas à revista por "aloprados" e classificou as acusações como "baixas e rasteiras" e de "caráter eleitoreiro". "O dossiê que saiu na revista Veja é falso, mentiroso, calunioso e denigre a imagem da família. Atacar a família é uma coisa baixa e sórdida", disse.
De acordo com Ducci, esse patrimônio não foi acumulado em apenas quatro anos. Segundo ele, os bens já pertenciam à família Dal Prá, de sua mulher, Marry Ducci. "Não há nada a ser escondido. São bens adquiridos ao longo de toda uma vida por uma família, que tem tradição no ramo do agronegócio, da pecuária", disse. Ducci ressaltou que uma das propriedades citadas pela revista foi adquirida nos anos 60.
Sobre o capataz que teria trabalhado na prefeitura de Curitiba, Ducci disse se tratar de uma informação equivocada. De acordo com ele, Paulino é contador e prestou serviços inicialmente para sua empresa e, depois, foi contratado como comissionado pela prefeitura de Curitiba. "Não conheço nenhum capataz que tenha MBA em administração pública", ironizou. A função de Paulino na prefeitura, disse o prefeito, era fazer a "recepção de pessoas e atendimento individualizado" no gabinete da vice-prefeitura, ocupado por Ducci até 2010.
O advogado de Ducci, Alcides Munhoz da Cunha, disse que ainda está avaliando o que será feito em relação a esse caso. Ele estuda pedir direito de resposta à revista.
Investigação nova
O coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público, Arion Rolim Pereira, disse ontem que o MP não havia aberto nenhuma investigação contra Ducci antes das denúncias. "Não havia nenhum procedimento instaurado no MP em relação a esses fatos", disse. A matéria da revista Veja diz que o enriquecimento de Ducci teria chamado a atenção do órgão e que um inquérito seria instalado na próxima semana.
Pereira disse que o material encaminhado será analisado por outro procurador e que uma avaliação deverá ser feita em até 30 dias. Ele ainda afirmou que o procedimento deve correr sigilosamente.



