O pagamento dos salários dos funcionários estaduais e municipais cedidos pode ser feito tanto pelo órgão de origem como por aquele que o solicitou. Um servidor pode continuar a receber os vencimentos pagos pela esfera governamental para a qual ele não está mais trabalhando. E quem o solicitou, embora usufrua de seu trabalho, acaba não tendo nenhum ônus financeiro.
Dos 145 funcionários da prefeitura de Curitiba cedidos a outros órgãos, 26 continuam tendo os salários pagos pela administração municipal. No caso do governo estadual, 124 servidores emprestados têm vencimentos pagos pelo Tesouro Estadual. Já os servidores da União como os professores da UFPR a Lei Federal n.º 8112 transfere obrigatoriamente o ônus da remuneração para o órgão que solicitou o servidor.
Mas o funcionário cedido não pode acumular a remuneração dos dois órgãos. Isso é expressamente vedado tanto pela Constituição Federal quanto pela Estadual. Abre-se uma exceção para o caso de o servidor tiver condições de efetivamente trabalhar nos dois órgãos quando houver compatibilidade de horários e nos casos de o funcionário ter dois cargos de professor ou dois cargos de médico.
O entendimento do que seja acúmulo de salários é no mínimo um tema polêmico. É relativamente comum que os cedidos continuem a receber salário do órgão de origem e passem a incorporar em seus vencimentos as gratificações pela função de chefia. O secretário de Comunicação de Curitiba, Deonílson Roldo, por exemplo, é funcionário cedido da Assembléia Legislativa e recebe do Legislativo estadual e da prefeitura de Curitiba. As explicações dadas pela administração municipal da capital são de que parte da verba retorna à Assembléia. A Assembléia paga o salário normalmente a Roldo e a prefeitura desconta essa diferença do salário de secretário (a gratificação) e devolve-a para o Legislativo Estadual.
Ezequias Rodrigues, ex-chefe da gabinete do prefeito Beto Richa, exonerado em agosto, também recebia do órgão de origem (no caso, a Sanepar, dae onde ele é funcionário). A prefeitura igualmente devolvia o valor pago pela Sanepar. Ezequias, embora não seja mais chefe de gabinete, continua cedido pela Sanepar. Atualmente, ele trabalha na Secretaria Municipal do Turismo.
O superintendente de gestão da saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Gilberto Martin, é outro cujos vencimentos estão sendo questionados. No início deste mês, ele foi denunciado ao MP por supostamente estar acumulando salários do governo e da prefeitura de Cambé, na qual ele é médico. A Secretaria de Saúde informou que Martin apenas recebe do governo as gratificações referentes ao cargo de chefia que exerce no estado.



