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Apesar dos apelos por união do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os partidos que compõem a ampla base governista devem ocupar palanques opostos nas eleições do ano que vem. Nas capitais e nos principais centros, a ordem entre os aliados é lançar candidaturas próprias e se fortalecer para 2010, ano da primeira eleição para a presidência sem Lula desde 1989.

Dentre os 20 partidos com representação na Câmara, pelo menos 14 apóiam o governo: PMDB, PSC, PTC, PT, PSB, PDT, PC do B, PMN, PHS, PRB, PR, PP, PTB e PV.

Mas até mesmo tradicionais aliados do PT de Lula, como PSB, PDT e PC do B, partidos que integram o chamado bloquinho de esquerda, dão provas de que será difícil reproduzir nos estados a aliança em nível federal.

Em vez disso, os diretórios desses partidos adotaram como estratégia para 2008 lançar candidatos nas cidades com mais de 100 mil habitantes. Nos casos em que isso não for possível, a aliança será costurada preferencialmente com os partidos do próprio bloco.

"Os partidos do bloco de esquerda (PSB, PDT, PC do B, PRB, PMN, PHS) constituem a aliança preferencial. Não sendo possível, vamos discutir apoio com partidos de esquerda da base do governo", afirma o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, para quem o PT "não é mais prioridade".

Ele admite que o objetivo do partido é se fortalecer para 2010. "Todo partido tem como projeto a conquista do governo. Em 2008, queremos eleger o maior número de vereadores e prefeitos. Em 2010, o maior número possível de governadores, senadores e, quem sabe, presidente", afirma Amaral, cujo partido abriga o potencial candidato a presidente Ciro Gomes (PSB-CE).

A orientação também é seguida pelo PDT. "Nosso objetivo é consolidar o partido. Estamos decididos a recuperar nosso espaço e consolidar linhas ideológicas e programáticas", afirma Manoel Dias, secretário-geral do partido, que tem pré-candidatos em pelo menos 13 capitais.

A lista inclui Fortaleza (CE), onde a senadora Patrícia Saboya, recém-filiada, deve disputar a prefeitura com a atual ocupante do cargo, a petista Luizianne Lins.

Na lista do PC do B, que tem 14 potenciais candidatos a prefeitos de capitais em 2008, despontam nomes como o das deputadas Manuela D'Ávila (Porto Alegre) e Vanessa Grazziotin (Manaus), além da ex-deputada Jandira Feghali (Rio de Janeiro) e da vereadora Luciana Albino (Florianópolis).

"Não indicamos candidatos para marcar tabela", avisa o presidente nacional do partido, Renato Rebelo. Segundo ele, a participação da sigla – "a maior em eleições majoritárias" – é parte de um processo de transição iniciado em 2004.

"Alianças com o PT são de muito tempo. Mas, porque o partido apresenta candidaturas próprias nas eleições majoritárias, evidentemente nos afastamos da posição de apoiar na maioria dos casos as candidaturas [do PT]", afirma.HeterogeneidadeNa opinião do comunista, o enfrentamento nas urnas não enfraquece os partidos, e a tendência é que as siglas do bloco se unam aos candidatos que chegarem ao segundo turno das eleições a prefeito. "Dificilmente teríamos uma candidatura única de toda a base, com certa heterogeneidade."

No caso do partido do presidente, ele diz, será possível reproduzir a aliança federal em pelo menos um caso. "Em Rio Branco (AC), vamos apoiar o candidato do PT. Em contrapartida, no caso de Aracaju (SE), a tendência é o PT apoiar o atual prefeito, Edvaldo Nogueira (PC do B)".

Não é o que afirma o secretário nacional de organização do PT, Romênio Pereira, segundo o qual, apesar de ser "natural" a indicação do atual prefeito de Aracaju à reeleição, "o PT tem o governo do estado e também pode indicar nomes".

Assim como na capital sergipana, a idéia do partido é lançar candidaturas nos 5.120 municípios que administra hoje, com foco nas cem maiores cidades brasileiras.

Para Pereira, é "natural" que os partidos que apóiam o governo lancem candidaturas próprias. No caso do PT, no entanto, ele afirma que a busca de aliança não está restrita ao bloco de esquerda.

"Em Goiânia, há um setor enorme do PT que defende aliança com Íris Rezende [atual prefeito, do PMDB]. Temos alianças com outras forças políticas. É natural que busquemos candidaturas no maior número de municípios, mas não vamos fazer isso com arrogância." 2010Ao lembrar que unido o bloco de esquerda tem o mesmo tamanho dos "partidos grandes" no Congresso, o presidente do PC do B, Renato Rabelo, reconhece que uma das razões para a formação da frente partidária é fortalecer a influência das siglas nas eleições presidenciais em 2010.

"Se o bloco se mantém, se vingam [as candidaturas], vai jogar um papel importantes na fase sucessória", aposta.

Manoel Dias, secretário-geral do PDT, não descarta o apoio do PT a uma possível candidatura saída do bloco.

"A tentativa [do bloco de esquerda] é fazer um grande debate nacional sobre os temas, o que depois pode se constituir numa frente eleitoral", disse.

Já Rabelo acredita que o presidente Lula terá papel "decisivo" na escolha do candidato a sua sucessão.Secretário de organização do PT, Romênio Pereira minimiza as articulações.

"Estão pautando 2008 com 2010. Só que o jogo começa em 2008. Para ter vitória no segundo tempo, temos que jogar bem o primeiro. O PT precisa ter candidato na maioria das cidades brasileiras. Onde não tiver, construir com a base, privilegiando o bloquinho e, aí sim, pensar no candidato próprio em 2010."

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